Fui provocado a debater com um amigo coxa a questão sobre o goleiro do Coritiba. Como se explicar que recuperado e em seu melhor momento, Muralha passe para a reserva de Gabriel Vasconcelos?
A questão é simples.
Para qualquer outra função, o treinador escolhe o jogador que, em regra, não só tenha mais qualidade, mas, também, que melhor atende o seu interesse tático. Para o gol já não basta ser bom. É preciso ser da confiança do treinador.
No final da década de 60, o Coritiba tinha Célio Maciel e Joel Mendes, dois excepcionais goleiros. O de confiança do técnico Francisco Sarno era Célio.
Há 45 anos antes do alemão Neuer, na Copa de 2014, encantar o mundo ao sair para o jogo, Célio Maciel já nos encantava com a bola nos pés fora da área. Como Joel Mendes era extraordinário, o saudoso Evangelino Neves mandou-o para o Santos. O time em que o número 10 era Pelé, começava com o jovem de Santa Felicidade. Onde anda Joel Mendes?
Na Baixada, em 1983, houve uma crise: Roberto Costa ou Rafael Cammarota? Extraordinário, “o mão de anjo” na locução de Carneiro Neto, Roberto provocou um fato inusitado: era o goleiro de confiança, mas da torcida, sendo um dos craques do Brasileirão. No Vasco, foi à Seleção Brasileira.
O melhor entre Alisson, Ederson e Weverton para o gol do Brasil é questão de ponto de vista de cada um. No entanto, Alisson será o titular, já está definido. É o goleiro da confiança do treinador Tite.
Muralha ou Gabriel Vasconcelos?
Resposta simples: Gabriel. A boa fase atual de Muralha nada mais é do que um episódio da sua irregularidade. Gabriel só não jogou antes por estar impedido por contusão. Seria o goleiro de confiança de qualquer treinador.