À essa altura da vida aprendi o quanto são difíceis os caminhos do coração. São sentimentos que se formam dentro de nós, não raros, tornando-se incontroláveis. Por serem livres, combinam-se formando grupos que se revezam.  São alegrias, tristezas, lembranças, saudades e esperanças.

Sou daqueles que ama a noite de Natal. Embora lembranças e saudades tenham um fundo de tristeza, eu gosto de provocá-las, mesmo em meu permanente estado de felicidade.

E para isso ouço um milhão de vezes “Stille Nacht, Heilige Nacht”, a versão alemã de “Noite Feliz”, cantada por Julio Iglesias. A tradução, no seu segundo verso, diz: “Noite silenciosa, noite santa/ Que trouxe a salvação ao mundo/ Das alturas de olho do céu/ Deixa-nos ver a plenitude da graça/ Jesus em forma humana!/Jesus em forma humana!”.

Foi um bom ano, não posso reclamar.

Voltei a viver intensamente a minha família, vendo meus netos e netas crescerem. Reencontrei os poucos amigos que me tocam o coração, trabalhei, escrevi e continuei vivendo a vida sem me afastar dos princípios que ganhei no berço.

No futebol, até as ilusões que eram esperanças próximas da certeza não me maltrataram. Como a do meu Athletico decidindo a Libertadores com o Flamengo, em Guayquil. Se não ganhou o título, ensinou que há ilusões que de tão fortes vencem a perda e não se transformam em ato para tristeza.

Se há uma ponta de tristeza é em razão dos meus colegas jornalistas puros que vivem da profissão. Em um mercado restrito e monopolizado, vivem sob insegurança do medo que o telefone toque comunicando a demissão. Curitiba virou uma aldeia em matéria de mercado de trabalho jornalístico. Não é só por falta do dinheiro, mas de respeito à dignidade profissional.

O meu melhor presente de Natal foi o livro “Ser como o Sol”, de autoria de Ademir e Telma Adur. A foto imagem acima, que ilustra minha coluna, é a capa do livro dos Adur. O conteúdo da publicação nos faz viajar pela natureza sempre encontrando no meio do caminho o Dudu. Colhemos um daqueles seus sorrisos ternos, e seguimos em frente. Quem o lê e concorreu com a solidariedade na morte de Dudu, concorre com a alegria de tão bela obra.

Entro em férias. A todos, um Natal com paz celestial e um ano de 2023 com saúde.

Um dia desses a gente volta.