Felipão teria que prestar mais atenção ao jogo ruim do Athletico do que transferir a responsabilidade dos fracassos. Depois de censurar o que seria conduta ndolente dos jogadores, agora acusa as ações da arbitragem como causa para os fracassos, como o fez para justificar a derrota para o Corinthians.
O Furacão voltou a perder porque jogou rigorosamente o que jogou nos jogos contra Cuiabá, Fortaleza e Santos: nada.
Se é cômodo para Felipão usar a arbitragem e culpar os jogadores como argumento para a derrota, para o Athletico é perigoso. Sofrer gols de bola área seja de onde vem a bola, inclusive de lateral, não é culpa da arbitragem. Quando se torna rotina, a consequência é da má orientação.
A opinião forte do místico treinador, consagrada como uma oração messiânica na Baixada, está mascarando a causa para os fracassos: a desordem do time, cuja origem é, também, a insegurança dos jogadores por algumas atitudes do técnico.
O caso de Vitor Roque é simbólico. Felipão, que não morre de amores por ele, prefere Pablo. No entanto, escala o menino no início, sabendo (ou não sabendo) que sem um meio avançado, vai ficar encaixotado na área adversária. E, depois, é excluído como se fosse responsável pela inoperância ofensiva do time.
Não se pode negar nada a Felipão. O Furacão só está na final da Libertadores e está, em média, bem no Brasileirão, em razão da sua influência.
Como foi a de Geninho no título nacional (2001), de Antônio Lopes para ir à final da Libertadores (2005), de Tiago Nunes nas conquistas da Sul Americana (2018) e Copa do Brasil (2019), e de Paulo Autuori no bi da Sul Americana (2021).
O que Felipão não pode é tornar o Athletico refém de sua figura histórica e mística. Se há chance para o Athletico ganhar a Libertadores em Guayaquil, é Felipão, por autoconvencimento, ganhar consciência que também erra.