O que deve ocorrer com o Athletico no Caso Rony, que lembra situação de Dênis Marques
Sediado em Lausanne, na Suíça, o Tribunal Arbitral do Esporte vai julgar nesta quinta-feira (17), os recursos do Athletico e do Albirex Niigata, do Japão, contra a decisão da FIFA, no Caso Rony.
Só para lembrar: com base em uma ordem liminar provisória da FIFA, Rony assinou com o Athletico. O Albirex recorreu requerendo uma indenização de 10 milhões de euros e a suspensão do Furacão e do jogador. A FIFA condenou o Athletico a pagar o valor de R$ 7 milhões e suspendeu o seu direito de contratar até agosto de 2021.
Não foi só o Athletico quem recorreu. O Albirex quer aumentar o valor da indenização. Os japoneses entendem que esse valor deve ser composto pelo que Rony receberia até o final do contrato e mais os direitos sobre o vínculo.
Minha opinião tem base em um caso do qual participei: Dênis Marques. O Furacão contratou Dênis Marques com base em uma liminar concedida pela Justiça do Trabalho, em Curitiba. Recorrendo à FIFA, o Al Kuwait pediu a suspensão do Athletico e uma indenização de US$ 3 milhões.
O Athletico não foi suspenso, mas foi condenado a pagar o valor indenizatório. Recorrendo ao Tribunal Arbitral, o Athletico reduziu a indenização para US$ 700 mil. As razões do Furacão, em Lausanne, foram sustentadas pelos brilhantes advogados Ruy Paciornicki e Eduardo Malucelli, atleticanos históricos. O advogado dos árabes era Marcos Motta, por coincidência, advogado do Athletico, no Caso Rony.
O fundamento dos árbitros do tribunal de Lausanne foi o que indicamos na defesa na FIFA: se algum valor é devido, não poderia ser maior do que o valor do tempo restante de contrato de Denis. Depois, o atleta estaria livre. O Athletico pagou os US$ 700 mil e vendeu Denis para o Japão por US$ 5 milhões.
Com base nesse precedente, o Tribunal suíço deve manter a decisão da FIFA no Caso Rony. O que pode ser diferente é condicionar o levantamento da suspensão do direito de contratar com o imediato pagamento.
Depois do julgamento de Lausanne, Ruy, Eduardo, Dênis e eu estávamos voltando a pé para almoçar no Lago Lac Léman, quando o jogador entrou em um táxi e sumiu. Indagado sobre a razão dessa atitude, Dênis respondeu: “Aqui, não tem nada de interessante para ver. Além do mais, já corro demais no Athletico”.
