Não sou daqueles que trata de interino o técnico que assume um time no fervor da temporada.
Agora mesmo, entre nós, é até uma falta de dependência para tirar conclusões de parte da mídia tratar Thiago Kosloski, no Coritiba, e Wesley Carvalho, no Athletico, como técnicos interinos.
Entendo que, dentro da cultura do futebol brasileiro, em que a continuidade é dependente de vitória, o adjetivo que se adapta a qualquer treinador é o de temporário, nunca definitivo.
Pergunto: há alguma razão para Carvalho e Kosloski serem tratados como interinos?
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Se é possível pelo tempo, não é possível por falta de razão. Os dois treinadores tiveram impacto instantâneo.
No caso do Athletico, cada jogo sob o comando de Carvalho é mais uma prova de que se perdeu um ano com a celebração ao discurso de Felipão. Só que Carvalho não surpreendeu e, se não surgiu antes, foi porque no custo de celebrar Felipão estava embutido Paulo Turra.
Thiago Kosloski está surpreendendo?
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Um outro vício da cultura do futebol brasileiro e, aí, incluem-se clubes, torcedores e imprensa, é tratar os jovens treinadores como reservas. É tão ostensivo, que se torna um estágio próximo da discriminação.
Por esse motivo, muitos jovens foram impedidos de desenvolverem os seus atributos. Explica-se, aí, o numero de treinadores estrangeiros no Brasileirão. Kosloki é o resultado do imprevisto. Do improvável, talvez.
Kosloski arou a terra arrasada por António Oliveira e Antônio Carlos Zago.
E o fez atuando primeiro como psicológico, ao desarmar as tensões internas; depois, como treinador sem direito ao erro, pois assumiu em jogos em que a obrigação de não perder e até de só vencer (América-MG e Goias) não transigia. Um profissional como Kosloski não pode ser tratado como interino.
O futebol não é conciliador. Pouco transige com a derrota. Carvalho e Kosloski criaram um novo adjetivo no futebol brasileiro: interinos definitivos.