Na Baixada, Brasileirão, Athletico 3 x Coritiba 2.

Se fosse como antigamente e o jogo terminasse quando o cronômetro batesse nos 90 minutos, estaríamos à exaltar como justa a vitória do Coritiba por 2 a 1.

É que até esse momento, o Coxa tinha a única virtude capaz de ser sentida e vista na Baixada: a consciência dos seus limites.  Bem por isso, esquecendo a sua própria tradição, reduziu a sua grandeza. Fazendo um bem ordenado jogo de retenção e contra-ataque, jogou mais nos erros táticos previsíveis do Furacão do que com as suas poucas virtudes.

Ocorre que um jogo já não tem mais 90 minutos. E, então, aconteceram coisas na Baixada que podem parecer estranhas:  o “proscrito”  Willian Bigode, fez 2 a 2 , aos 46 minutos do segundo tempo, e o “indesejável” Canobbio fez 3 a 2, aos 52 minutos.

Daí, o que era justo até os 45 da etapa final, deixou de sê-lo por um detalhe: na Baixada, os atleticanos não renunciam gratuitamente a busca pela felicidade. Podem não tê-la no final,  mas enquanto há vida, a procuram.

Foi um jogo mais angustiante do que um jogo bem jogado como é a regra do Atletiba.  Absorvendo as suas limitações técnicas, e não se impressionando com a bola na trave chutada por Christian,  o Coritiba disciplinou-se à boa ordem do treinador Antônio Carlos Zago. As ofensivas foram poucas, mas Moreno, ignorado pela marcação atleticana,  marcou aos 20 minutos de jogo. O Furacão,  embora com a sua melhor versão individual,  carregava ainda a insegurança provocada por seu comando.

Mas, aí, veio o intervalo. E alguma coisa vem acontecendo nos intervalos no vestiário do Athletico.  Como ocorreu em Assunção e no Beira-Rio,  o time voltou outro.  Vencendo o seu desequilíbrio  pela superioridade técnica e pela entrega fisica e, com Madson no lugar de Khellven,  empurrou o alviverde para trás. Pablo, jogando com a alma atleticana, empatou aos três minutos.

Mas, enquanto o goleiro Gabriel evitava o empate, o Furacão não percebia que o meio desorganizado, obrigava Zé Ivaldo e Thiago Heleno a avançarem.  Em um desses momentos, aos 20 minutos, Robson foi lançado por Zé Roberto e fez 2 a 1.

Dai vieram para campo William Bigode e Canobbio, coincidindo com o Coritiba no estágio da exaustão tática, técnica, emocional e física.

O que aconteceu é impossível contar por escrito.  É daqueles Atletibas que cada um que assistiu tem direito de narrar a sua versão, mesmo que passe da história. Um Atletiba para o atleticano da nova geração guardar como “o maior da minha vida”, a ser contado como lenda.  Uma espécie dos 4 a 3, aquele de Sicupira, Alfredo Gottardi, Buião e Nilson Borges, que a minha geração conta quase como fantasia.

Da forma como foi contado,  não se pode esquecer que Erick foi o melhor em campo.

Essa coluna é uma homenagem a Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico.