Na Espanha, Barcelona x Real Madrid; na Itália, Internazionale x Juventus; e na Inglaterra, Liverpool x Manchester United. E no Brasil, qual seria o jogo de rivais?
Por ter uma cultura, às vezes, extravagante, dos países de ponta do futebol, o Brasil é o único que não tem um clássico de rivais nacionais.
Poderia ser Corinthians x Flamengo, que teria a capacidade popular de ser um jogo em que além da bola poderia ser jogado sentimentos. Mas o seu limite é ser o “jogo do povo”. Nem mesmo o Fla-Flu, que eternizou o seu simbolismo por ter se transformado em figura de linguagens para indicar conflitos, é capaz de projetar os seus efeitos estaduais para nível nacional.
É assim em razão de que a rivalidade entre clubes se operou nas disputas estaduais. Entre nós, um Atletiba no Estadual sempre tem mais essência do que um Atletiba nacional. E é assim com Fla-Flu, Corinthians x Palmeiras e Grêmio x Inter pelo Brasileirão, em que o impacto de um resultado face a rivalidade não é o mesmo como na disputa interna. Essa é a extravagância da cultura do futebol brasileiro: não há rivalidade nacional.
O que se tem são as lembranças de conflitos passados, em que o futebol, às vezes, guarda como mágoa. Quando os dois jogam não há como esquecer que o Furacão foi vítima da “mão grande” do São Paulo, que o tirou da Baixada no primeiro jogo da final de 2005, da Libertadores. O empate (1×1) em Porto Alegre é que desequilibrou aquela final.
No futebol não existe coincidência, existe fato: dias depois, pelo Brasileirão, com os mesmos times, na Baixada, o Athletico goleou o São Paulo.
Athletico x São Paulo não é um jogo de rivalidade.
Mas é um jogo de eterno acerto de contas.