Quando as diferenças individuais entre os times são extravagantes, e quando as circunstâncias do jogo não conseguem ter influência para se alcançar o mínimo de equilíbrio, o futebol, enquanto esporte de competição, perde um pouco de graça. Para o vencedor consciente, a graça decorre mais da paixão ou do cumprimento da obrigação.

Era certo de que o Athletico, mesmo sem os titulares suspensos, Tiago Heleno, Pedro Henrique, Pedrinho e, em especial, Terans, ganharia o jogo do São Joseense. Ganhou e de goleada: 5×2.

Analisar um jogo de resultado previsível como era, inclusive a goleada, é praticar um jornalismo populista, portanto, enganoso.

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A certa altura do jogo, perguntei-me: o que será que Felipão, que tem a obrigação de fazer uma análise crítica sobre a conduta geral do Furacão, comenta com o presidente Mario Celso Petraglia? Será que diz que o time está em ordem e que está tudo bem? Perguntei-me mais: e será que Petraglia acredita?

Vejam só os gols em São José.

Os de Khellven, Zé Ivaldo e Vitor Bueno foram em jogadas individuais, o de Pablo, de um chutão que veio de trás e que o zagueiro adversário falhou, e de Vitor Roque no final, de pênalti. Nenhum gol teve origem no que o treinador Paulo Turra e Felipão tratam como sistema de jogo. Ao contrário, se teve um time com o mínimo de organização foi o São Joseense.

Sou comentarista cujo conservadorismo não me afasta da importância do resultado. Só que o resultado no Estadual, contra times fracos como é esse São Joseense, o Furacão é capaz de fazer só com a camisa no campo e a torcida na arquibancada.

Mas, e quando jogar a Libertadores, a Copa do Brasil e o Brasileirão? Com esse time e, com Felipão que não era pouca coisa, não ganhou nada. Pela lógica das coisas e pela capacidade dos homens, não há risco em afirmar que o Athletico está criando um falso campeão.