Opinião

A torcida mais discriminada do futebol brasileiro: a do Athletico

Torcida do Athletico.

No Maracanã, Flamengo 4×1 Atlético-GO. Público pagante: 59.999. No Beira-Rio, Internacional 3×0 Atlético-MG. Público pagante: 36.082. No Itaquerão, Corinthians 1×0 Botafogo. Público pagante: 42.532. Na Baixada: Athletico 1×0 São Paulo. Público pagante: não divulgado.

continua após a publicidade

Qual a razão do Athletico, em regra, não divulgar o público no Brasileirão? A média de público deve ser mensurada de acordo com a campanha técnica. Por estar há um mês no G4 ou próximo dele, é possível afirmar que a média de público do Furacão seja entre 15 mil e 20 mil pagantes – em relação ao seu brilho técnico, é baixa.

+ Confira a tabela do Brasileirão

Os motivos são antigos, mas não são atacados em razão da prevalência da posição de Mario Celso Petraglia, inclusive estimulada por um princípio pessoal. O primeiro motivo é a política associativa que restringe a uma cadeira, ou máximo a compartilha. Há que interpretar quando se noticia que o clube alcançou o estágio de 47 mil sócios.

O que têm são 47 mil cadeiras vendidas. No mínimo 30% são o excedente de que um sócio pode ter. Há sócio que tem cinco cadeiras em seu nome e só uma pode ser usada. É uma lógica que “Deus” entende e não transige.

continua após a publicidade

O segundo motivo é o mais grave por decorrer do princípio pessoal que Mario Celso Petraglia sempre teve: o futebol não é para pobre.

Vendo os jogos do Athletico na Baixada pela televisão, sempre lembro de uma crônica do imortal escritor Luiz Fernando Veríssimo. Em 2001, depois de ver Athletico 4×2 São Caetano, Veríssimo referiu-se à torcida do Furacão através de uma metáfora. Para não dar conteúdo discriminatório, tratou-a como “torcida nórdica do Athletico”. De fato, hoje quando a câmera da televisão corre pela torcida é o que se vê: uma massa humana branca e de olhos claros.

Foto: Átila Alberti.

Não uso a metáfora de Veríssimo. Não é a “torcida nórdica do Athletico”. É a torcida impura que o Athletico criou pelo dinheiro, e que as classes baixas, independente de cor, não podem pagar. A maior parte dessas classes nunca teve acesso à Baixada. O Furacão é a paixão mais cara do futebol brasileiro.

continua após a publicidade

Há uma acusação de que na Baixada foi praticado o crime de racismo contra a torcida do São Paulo. E quem tem coragem de intervir contra a discriminação que a torcida do Athletico sofre do próprio Athletico?

Exit mobile version