Os grandes destinos são imprevisíveis, começa a narração do imortal francês André Maurois em seu épico “Napoleão”. De fato, quem diria que um dia o Athletico e Felipão iriam se encontrar para fazer um povo feliz?

Para explicar o Furacão e Felipão na final da Libertadores, não há como dissociar um do outro. Nenhum clube com esse projeto, em época que se prega o que se supõe como futebol moderno, iria contratar um treinador de métodos intransigentes e conservadores que, aos 73 anos, já realizou todos seus sonhos e alcançou todos seus ideais. E nem Felipão iria aceitar finalizar a sua carreira, se não fosse em clube diferente de tudo o que existe atualmente no futebol brasileiro.  E esse clube é único, é o Athletico.

Desculpe o leitor se, ainda, não escrevi sobre o jogo do Athletico no Palestra. É que a noite teve momentos que transcenderam o jogo jogado. É que eu entendo que o fato mais importante da classificação para a final da Libertadores foi a consequência da união entre o Furacão e Felipão. Um verdadeiro ato de fé entre os dois. A prova de que não há coincidência quando certos momentos ocorrem por ação de certas pessoas, como se tivessem sido previstos por uma escritura bíblica.

Ao jogo.

Acendi uma vela para Santo Antônio e pedi para o Athletico ir ao encontro marcado com o Flamengo, em Guayaquil.

Só que o jogo não foi jogado.

O que se viu no Palestra Itália foi uma supremacia mental e emocional do Furacão que absorveu todos os recursos de campo do Palmeiras, reduzindo-o a um time qualquer. Deu pena dos palestrinos ao final do jogo. Perdidos, não sabiam que a explicação para a eliminação estava, ainda, dentro de campo: os atleticanos.

Só uma mente forte e uma alma grandiosa explicam para o fato de que perdendo por 2 a 0 para o poderoso bicampeão da América do Sul, contra todas as adversidades de ambiente, o Athletico tenha alcançado o empate.

O Athletico mostrou que os recursos técnicos de um time se esvaziam se não há força da mente e da alma. Só mesmo com uma mente recuperada e com a alma atleticana, Pablo, que já estava quase proscrito, tenha entrado e mudado todo o jogo, com gol e passe para o gol de Terans, o da classificação.

Juntos, Athletico e Felipão, nos versos de Fernando Pessoa, tornaram-se invencíveis: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”.

Guayaquil é logo ali.

É a próxima parada.

Talvez, não seja a última, que pode ser em algum lugar do mundo.