É de novo 26 de março, agora de 2023, e o Club Athletico Paranaense faz 99 anos de vida.

Se já contei, conto outra vez uma história que bem pode simbolizar o amor que o atleticano tem pelo Furacão.

Houve um tempo em que pregavam que o Athletico iria acabar. Embora não acreditando, o saudoso desembargador Armando Carneiro, pai do nosso Carneiro Neto, não escondia a sua apreensão.

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No domingo ao lado de sua Josephina, ligava o rádio para ouvir o filho narrar. E a voz de Carneiro irradiava: “Baixada lotada. Entra em campo o Athletico….”.

Daí, um feliz Dr. Armando desligava o rádio e ia comer o frango caipira de dona Josephina. O “Juca” (Carneiro) chegava da Baixada e perguntava: “Ouviu o jogo, pai ? O que achou da vitória?” O Dr. Armando respondia: “Filho, quando você narra que o Athletico entrou em campo com a Baixada lotada, eu desligo o rádio. Já estou feliz.”

Escrevi certa vez que o tamanho de certas paixões é inexplicável. Quando vivemos intensamente o clube de coração parece que comemoramos aniversário duas vezes ao ano: na data em que nascemos, e na data em que o nosso clube nasceu.

É que qualquer que seja o seu tamanho graduado pela história e por olhos contrários, desde a primeira emoção sentida na arquibancada, nosso clube se transforma em um valor indisponível de nossa vida. Às vezes, temos o sentimento de que, antes de acordarmos da infância, dedicamos as primeiras palavras de amor ao nosso clube.

Esse 26 de março de 2023 é simbólico.

É um ano antes de 26 de março de 2024, data do centenário do Furacão.

Essa carta de amor é ridícula. Mas, como no poema de Fernando Pessoa, “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fosse ridículas”.

Essa coluna é uma homenagem a todos os atleticanos que foram embora e estão por aqui.