Em nota pública conjunta, Athletico e Coritiba atribuem ao julgador do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná, Dr. Rubens Dobranski, a prática de “falas xenofóbicas” ao treinador de origem portuguesa António Oliveira. A dupla Atletiba trata-as como preconceituosas e inadmissíveis.   

Aos fatos.

Ao formular perguntas do treinador por sessão de julgamento das ocorrências no Atletiba, o doutor Dobranski considerou “que fui ver jogos do Benfica em Portugal algumas vezes…”, só para depois perguntar se com a conduta de indisciplina “os técnicos portugueses que estão trabalhando no Brasil querem marcar território?”. Abel Ferreira, o português que treina o Palmeiras, foi o exemplo adotado pelo doutor.

Entendo que não se tratam de “falas xenofóbicas”.

De início, porque parte de um fato verdadeiro: dos portugueses que estão por aqui, o único que tem uma conduta profissional educada é Luiz Castro, técnico do Botafogo. Discreto, não invade gramado. Respeitando a arbitragem e os adversários, é um exemplo de conduta profissional.

Os outros,  inclusive António Oliveira, adotam como regra de conduta o protesto contra a arbitragem, a invasão de campo e gestos teatrais de repulsa que acabam influindo na conduta dos jogadores e da própria torcida. Como na maioria dos técnicos brasileiros, não há entre eles, nenhum franciscano como seu compatriota Fernando Antônio de Bulhões, popularmente conhecido como Santo Antônio.   

Para perguntar a António Oliveira “se os treinadores portugueses querem marcar território?”, o auditor adotou a educação dos treinadores portugueses que trabalham em Portugal. Seria “fala xenofóbica” se o doutor tivesse perguntado “por que os treinadores portugueses em Portugal são educados e os que trabalham no Brasil não são?”.

Para serem tipificadas como crime, seria necessária a discriminação por afirmação de ódio ou de medo. Aceitar no futebol a interpretação de manifestação em razão da procedência nacional, sem investigar a existência desse elemento subjetivo, seria impedir qualquer crítica aos “imigrantes” no futebol brasileiro.