O Coritiba confirma: irá constituir a Coxa S/A e a Treecorp irá adquirir 90% das suas ações. Em até 10 anos, a empresa que tem como estrela Roberto Justus, será obrigada a investir R$1,1 bilhão.

Deste valor, R$ 500 milhões serão para reconstruir o estádio Couto Pereira, R$ 100 milhões para construir o centro de treinamentos e outros R$ 450 milhões como capital de giro para a administração do futebol.

Sem assumir judicialmente a solidariedade das obrigações na Recuperação Judicial, estará obrigada junto ao Coritiba a proceder aos pagamentos no prazo, ainda provisório (há recursos), de 12 anos.

Com o negócio, o Coritiba cederá todos os direitos de uso do Couto Pereira, do vínculo esportivo de jogadores, do centro de treinamentos, de patrocínios, da televisão e todos os itens, à qualquer título, que tenham origem do futebol.

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A pergunta que se deve fazer é a se o preço é justo ou é o que restava a fazer?

A análise que deve ser feita não pode adotar o valor econômico e a sua individualização como referência. Interessado apenas no futebol, o torcedor pode considerar como reduzido o valor de R$450 milhões por dez anos.

E, se fizer um calculo teórico, vai concluir que é um valor desprezível diante dos valores que a instituição irá repassar com a cessão do Couto, do CT, dos direitos dos contratos atuais e futuros de jogadores, da marca, e de arena (televisão).

Só como valor de entrada na futura Liga, já existe a promessa de aproximadamente R$200 milhões.

Ocorre que esse raciocínio, na prática, perde a lógica diante do fato de que os valores que serão cedidos estão no campo da expectativa de direito. Nem mesmo adiantamento de receita é possível sem conquistas no campo.

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Bem resumido, a instituição está esgotada. Só evitou a insolvência em razão da nova lei que lhe deu trânsito para a Recuperação Judicial. E, ainda assim, só evitará a falência pagando os credores, através do percentual de 20% da Coxa S/A.

Bem por isso, a análise que deve ser feita tem que adotar um fato: o Coritiba, sem um investidor que assuma as prestações que a Treecorp irá se obrigar, não terá condições de reconstruir o Couto Pereira e construir um centro de treinamentos que reclamam urgência, e ao mesmo tempo administrar o futebol.

Dito em resumo: com a cessão de nome, marca, direitos, o Couto Pereira e o centro de treinamentos, o Coritiba não precisará disfarçar que continua grande.