O jogo do ano na Baixada

Priscila Forone / Gazeta do Povo
Arena precisa de R$ 100 milhões. Quem vai bancar? Será o contribuinte?

Não houve nem haverá jogo mais importante na Arena em 2009 que este Atlético x São Paulo. A inauguração do setor Brasílio inferior dá o caráter histórico à partida.

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É o sonho do estádio atleticano ganhando novo fôlego, dando mais um passo para ficar completo. Um belo resgate do orgulho rubro-negro, bastante judiado pelas campanhas recentes dentro de campo. E os ingredientes tornam a partida ainda mais especial.

A ausência de fosso e grade, substituídos por uma espessa chapa de poliuretano, algo comum na Europa, mas inédito nos nossos arcaicos gigantes de concreto armado.

O adversário ser o São Paulo, tricampeão brasileiro, vencedor nas sete últimas rodadas do Brasileiro, mas também o time que articulou nos bastidores para não decidir a Libertadores na Baixada, logo pela falta de uma arquibancada ali na Brasílio.

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Dagoberto e Washington em campo como adversários. A volta do filho pródigo que para muitos virou bastardo. O reencontro com o Coração Valente, que tornou possível o sonho de voltar a jogar futebol no Atlético.

Ingredientes especiais de um domingo que pode se transformar em mágico caso, dentro de campo, o Atlético faça sua parte.

E eu aqui, ó, com cara de bundão

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O pessoal que está na casa dos 30, como eu, lembra do Jovem, personagem do Chico Anysio (eu tive uma colega de faculdade que usava um cabelo igual ao dele). Como todo personagem de humor, Jovem tinha seu bordão. O dele: “E eu aqui, ó, com cara de bundão”.

Pois é assim que estou após a performance da dupla Paratiba hoje. Apostava em uma arrancada paranista no Castelão quando liguei a tevê, 47 e tantos do segundo tempo, e vi lá na esquina da tela: FOR 4 x 0 PAR. Desliguei de desgosto.

No Bruno José Daniel, mais fiasco. Rodrigo Pontes, em quem eu já havia dado baixa, ressurgiu das trevas para participar de míseros oito minutos do jogo com o Santo André. Foi o que bastou para ele substituir o lesionado Carlinhos Paraíba e ser expulso.

E eu, que pela manhã sonhava com vitória dupla hoje e o arremate atleticano amanhã, contra o São Paulo, vou dormir, ó, com cara de bundão.

Abaixo, o Jovem em ação.

Estádio para quem não tem pão

Surgiu no fórum Paranautas, passou pelas páginas do Jornal do Estado e está na coluna Intervalo de amanhã, na Gazeta. O Paraná também tem seu projeto de estádio para a Copa de 2014.

A preocupação tricolor é válida, embora inoportuna. Não há sinal de investidor suficiente nem para quem receberá jogos da Copa, o que dizer para quem está à margem dela, vide Coritiba e Paraná.

Além disso, dirigentes resolveram falar em arena multiuso como se fossem poços de petróleo descobertos no Texas depois da Grande Depressão. Investimentos modestos em maquinário para um lucro constante, aparentemente inesgotável.

Arenas multiuso são caríssimas de se manter. É o preço da qualidade e do conforto. Dizer que vai erguer shopping, hotel, supermercado e prédio de escritório sem ter uma carta de clientes na mão beira entre o infantil e o irresponsável. É querer holofote a troco de nada.

Investir em patrimônio é obrigação dos clubes, mas desde que seja com projetos comprovadamente viáveis, não simples devaneios. E, cá entre nós, antes de falar em estádio, nossa cartolagem devia tratar de arrumar times decentes.

P.S.: Vou passar o domingo no Beto Carrero, aniversário da primeira-dama. Portanto, só vou liberar comentários à noite.

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