O jogo bruto das Copas do Mundo


A campanha paranaense para que o estado seja sub-sede da Copa do Mundo de 2014 está dando ao público uma amostra do forte jogo de bastidores que envolve as competições organizadas pela Fifa. Em um piscar de olhos, a Arena passou de escolha natural a estádio inapto ao Mundial. E o Pinheirão, de sucata se tornou a única opção viável para a Copa no estado. Fruto de um projeto bem articulado entre Onaireves Moura e Giovani Gionédis, avalizado pelo governo estadual e que pode até ser usado pelo Paraná.

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Escolha certa?
Escrevi aqui há algumas semanas que achava a construção de um estádio onde hoje é o Pinheirão a melhor opção para a Copa no estado. A dúvida era (e continua sendo) quanto ao andamento do projeto e quanto até que ponto se pode confiar em quem está envolvido na empreitada.

Para os próximos dias é esperada a apresentação oficial do projeto e o anúncio do investidor. Saber a origem do dinheiro dará uma boa medida da seriedade do projeto. Tanto se ele vier de um caixa confiável, quanto se sair do bolso de Beresowskis ou Abramovichs da vida.

Elo perdido

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Se a CBF levar a ferro e fogo o que a Fifa determina no seu caderno de encargos, o grau de exigência na construção dos estádios será elevadíssimo, e a Arena correrá sério risco de ficar marcada como uma grande idéia na hora errada. Quando foi construída, a Baixada era o que de mais moderno havia em termos de estádio. Hoje, mesmo inacabada, deixa os “gigantes de concreto armado” do Brasil no chinelo. Mas não é mais moderna dentro do que a Fifa passou a exigir, especialmente em termos de segurança após o 11 de setembro – como área de isolamento em torno dos estádios, por exemplo.

A não ser que Petraglia tire um ás da manga, o projeto rubro-negro (na Cpa, já que a Arena será concluída de qualquer maneira) dependerá de um afrouxamento de algumas exigências ou de que o novo Pinheirão não saia do papel. A Arena pode virar um elo perdido entre as sucatas construídas nos anos 70 e as praças esportivas modernas projetadas para 2014.

Me engana que eu gosto
Giovani Gionédis garantiu ao Conselhão do Coritiba que o Couto Pereira não será demolido mesmo com a construção do novo estádio. Loucura. Não há porque manter em pé um estádio daquele tamanho, com um custo elevado de manutenção, para receber treinamentos ou jogos do time júnior. Assim que mudar de casa, o Coxa deve colocar seu estádio no chão, separar um pedaço dele para colocar no seu museu e fazer dinheiro com a venda do terreno.

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A impressão que fica é de que Gionédis garantiu que o Couto fica em pé para não perder o apoio do Conselhão. Deixaria, assim, a traumática decisão de demolir o velho estádio para outro presidente.

Vale a leitura
Quer entender um pouco melhor o que rola por trás de escolhas e articulações envolvidas em uma competição como a Copa? Leia O jogo bruto das Copas do Mundo, de Teixeira Heizer, e Como eles roubaram o jogo, de David Yallop. As capas dos livros ilustram esse post.

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