Lógica do sobe e desce

Larry Smith/ EFE
Ray Allen, do Miami, acerta a cesta de três pontos que levou o duelo 6 para a prorrogação.

Já havia citado no post anterior que Miami Heat e San Antonio Spurs estavam fazendo uma série decisiva de NBA das mais esquizofrênicas, com a realidade em quadra se transformando de um jogo para o outro sem muito espaço para lógica ou racionalidade.

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Culpa da falta de regularidade das duas equipes entre um confronto e o seguinte – ora um time jogava bem em casa, ora o braço tremia diante da torcida. A partida 6, disputada nesta terça-feira, no American Airlines Arena, sintetizou todo esse intenso sobe e desce em um único duelo. Insanidade elevada à enésima potência.

O jogo foi emocionante porque não houve estabilidade em momento algum, especialmente na metade final. Tipo filme de suspense em que os suspeitos/culpados mudam a cada passo dos investigadores. Primeiro, o Spurs tomou a rédea do embate. Foi para o intervalo com vantagem no placar e aparentando mais maturidade para fechar a série melhor de sete partidas em 4 a 2. A responsabilidade de fazer a lição de casa para forçar um sétimo round estava pesando para o Heat, que não via seu trio (LeBron James/Chris Bosh/Dwyane Wade) brilhar o quanto podia.

Sem seus principais astros voando em quadra, o panorama do terceiro quarto era desolador para a torcida local. A equipe continuava tentando reagir, mas via o adversário abrir vantagem no placar. Mentalmente (ou psicologicamente), o Heat parecia derrotado. Cada arremesso fora do alvo, e foram muitos nesse momento, aumentava a decepção e a afobação dos representantes da Flórida. E essa frustração com o próprio desempenho aumentava o nervosismo dos jogadores, criando um círculo vicioso de erros e reclamações.

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Tudo parecia questão de esperar zerar o cronômetro. O Spurs seguia em velocidade de cruzeiro, controlando as ações até o início do quarto derradeiro. A facilidade era tanta que Tony Parker, o craque alvinegro, foi parar no banco de reservas. Erro fatal. LeBron James decidiu ligar o motor, arriscar mais e assumir a posição de líder da equipe. O Heat ressurgiu sabe-se lá de onde, empatou (tirando 10 pontos de desvantagem) e chegou a virar o marcador. A festa ficou barulhenta no ginásio.

Foi quando apareceu, ou melhor, reapareceu o outro personagem importante do duelo. Tony Parker entrou em ação, fez cinco pontos em dois lances seguidos, deu o caminho do vira-virou para o Spurs e encaminho o que seria o quinto título da história dos texanos. Era o que parecia. Ledo engano. O cenário ganhou contornos inesperados outra vez. Faltando 25 segundos, o Miami Heat perdia por cinco pontos. Foi buscar. Sobreviveu graças a uma cesta de três pontos de Ray Allen. Faltavam 5 segundos: placar empatado. Deu prorrogação.

No tempo extra, o Spurs encolheu, talvez sentindo que o título antecipado escapava de suas mãos. Aos trancos e barrancos, o Heat garantiu a vitória por 103 a 100. Do trio mágico, LeBron James foi quem carregou o piano com um belo triplo-duplo: 32 pontos, 10 rebotes e 11 assistências. Chris Bosh só apareceu mesmo em dois tocos geniais na prorrogação.

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Em resumo: vai ter jogo 7. Confronto marcado para quinta-feira, às 22 horas, no mesmo local. Pela lógica, dá… Desculpe, não há espaço para esse tipo de luxo nesse confronto. É o duelo da irracionalidade. Quem estiver no alto da gangorra quando zerar o cronômetro fará a festa. É o máximo que dá pra antecipar.

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