Julgamento, eleição e mercado

Considero perda de tempo e um pouco ingênua a decisão do Coritiba de pedir o adiamento do julgamento no STJD. A Segunda Comissão Disciplinar tem a noção exata de tudo o que tem se falado e mostrado Brasil afora do episódio do último dia 6. Dar mais tempo para julgamento será visto como “beneficiar o infrator”.

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O caso está muito recente, a mídia nacional e a opinião pública querem execução sumária. E aqui não defendo que se alivie para o Coritiba. O que ocorreu foi grave, não há dúvida. Punir o clube de forma dura é o único caminho para a Justiça Desportiva, mas pendurar o clube em um poste e arrancar-lhe o couro até ficar em carne viva como muita gente quer é fora de propósito.

Penso que hoje o clube receberá uma pena perto da máxima proposta pela procuradoria. Talvez até a máxima propriamente dita. Todo mundo ficará satisfeito, a poeira vai baixar e o clube terá tempo para se defender no Pleno, em fevereiro. Dali, sai a pena definitiva e mais razoável.

Na minha opinião, um pacote interdição + perda de mando que deixe o Coritiba fora do Couto Pereira por seis meses (exigências de melhorias no estádio de nível médio e 10 mandos, por exemplo) fica de bom tamanho. E para vocês?

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O Coritiba não precisa da Império

A Império Alviverde acabou. As imagens do jogo com o Fluminense, os antecedentes da organizada, a prisão em massa… tudo conspira contra a organizada. Os torcedores comuns não a querem mais e a polícia vai caçá-la até acabar com ela. vai fazer falta? Não.

O Coritiba não precisa da Império nem de qualquer organizada. Sobram demonstrações disso. O Green Hell, iniciativa de torcedor comum, é uma delas. Cornetas do Fosso e Povão coxa-branca são outras. Gente que vive sua vida, tem sua profissão e se dedica ao clube. Não parasitas que viram no clube um meio de vida.

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Nisso tudo, há muita culpa da diretoria do Coritiba. Fiquei horrorizado, no jantar do centenário, ao ver uma bandeira da Império e não uma do clube no palco. Um desrespeito tremendo, que nem Jair Cirino soube explicar. É muito culpa do clube, por essa permissividade, o que ocorreu no Couto Pereira.

E as demais?

O mesmo vale para Fúria e Fanáticos. A Fúria invadiu treinamento nesse ano para agredir jogador e também posou para foto ao lado de dirigente. A Fanáticos recebeu altos dirigentes do Atlético em sua sede nesse ano e também se envolveu em brigas em clássicos e até em dia que o Rubro-Negro nem jogava, sob desculpar de escoltar torcida-irmã. Tudo farinha do mesmo saco.

Eleição

Não acho que Jair Cirino seja o nome certo para presidir o Coritiba. Não achava nem em 2007, quando Vialle e Moro eram opções melhores. A eleição caiu no colo dele muito por causa da desastrada campanha anti-Moro feita pelo Gionédis. E o clube caiu no colo de um grupo com muita vontade de mandar, mas sem experiência e capacidade, encabeçado no papel por uma figura de expressividade nanica na história do clube.

Cirino pelo menos está tendo a coragem de se colocar candidato após a pior gestão da história do Coritiba. Duro é saber onde essa coragem pode levar o clube.

Moro é claramente mais preparado para conduzir o futebol, tem história no clube, é identificado com o Coritiba mesmo que defenda o Atlético nos tribunais. Mas não vai ser eleito. O Conselhão pende para Cirino e se apega às críticas à conduta de Moro quando diretor de futebol para não votar nele. Se fosse uma eleição aberta, a história seria diferente. Mas fechada a um colégio de 180 pessoas, Moro não tem chance.

Posição

Esta Gazeta do Povo, da qual sou editor de Esportes, não é nem Cirino, nem Moro, nem ninguém na eleição do Coritiba. O pleito será coberto com isenção, da mesma forma que fizemos nas últimas eleições dos nossos clubes. O resto, é invenção e má-vontade de quem só move os dedos para teclar em defesa de interesses próprios, sem um pingo de ética.

Mercado

Atleticanos e paranistas devem estar de saco cheio de abrir jornal, ligar rádio e assistir a tevê nos últimos dias, só se fala de Coritiba. Calma, moçada. Com o tempo o espaço se reequilibra.

Fora dos holofotes, a dupla vai se movimentando. O Paraná definitivamente se desvinculou a L.A. Deu força às categorias de base e vai garimpando jogadores no interior de São Paulo. Porém, pelas informações do bravo Thiago de Araújo, o clube já está encostando em outro empresário. O problema não é a L.A. em si, mas o modelo de gestão do futebol paranista. Mudam os nomes, mas a situação segue a mesma.

No Atlético, negociar jogadores, com Valencia, Galatto e Danilo, é garantia de fôlego para contratar. O clube não pode novamente se iludir com a base desse ano, que passou sufoco para não cair. Uma coisa é você jogar sob a pressão de vencer para não ser rebaixado, outra é começar o ano do zero. O time de 2008 conseguiu sair do buraco em que se enfiou, mas mostrou em cada segundo de 2009 ser fraco. Não dá para cair no mesmíssimo erro.

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