O primeiro mês deste ano tem tudo para entrar para a história do futebol paranaense. Dois acontecimentos desta semana indicam uma vontade de mudança de mentalidade nos nossos clubes, algo que, se confirmado, pode desenhar um futuro promissor dentro dos gramados.
A visita dos dois presidentes do Atlético a Paraná e Coritiba é inédita, algo inimaginável para o não tão remoto tempo em que Mário Celso Petraglia comandava os destinos do Rubro-Negro da sala da presidência ao almoxarifado do CT do Caju. A arrogância do dirigente e seus pares mais próximos contaminou o Atlético, transformou o Furacão em um time intragável para os rivais. Fez os dirigentes de Coritiba e Paraná se sentirem no direito de revidar o tratamento recebido.
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Vivemos uma era em que passou a ser comum os dirigentes se tratarem a pedradas, acharem que o seu sucesso implicava diretamente em pisar na cabeça do rival até ele não ter força para se reerguer.
A visita é um símbolo de que há o desejo de mudança, algo reforçado no discurso dos dirigentes, entre os quais se destaca uma frase de Marcos Hauer: “Vamos para a porrada juntos”.
Esse tem que ser o mote. Nas questões nacionais e mesmo estaduais, união total dos clubes em busca de estratégias para o crescimento dos três. Que a rivalidade fique restrita ao gramado e às arquibancadas, sempre com respeito.
CT reaberto
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Outro acontecimento é a abertura do CT do Caju para a imprensa, no jogo-treino desta tarde entre Atlético e Batel.
Quando eu cobria o Atlético aqui para o jornal, em 2002, colocaram um cercadinho delimitado por uma corda, que era onde a imprensa poderia ficar, ainda assim com acesso a todos os jogadores. Um paraíso perto do inferno que se viu depois, com o clube escolhendo a seu critério quatro jogadores por semana para falar, sempre blindando qualquer atleta que poderia dar declaração polêmica. Tudo sob a desculpa de que na Europa é assim – mesmo que lá as coisas não funcionem exatamente assim.
A situação melhorou aos poucos durante o ano passado, com a possibilidade crescente de entrevistas por telefone. Hoje, quem foi ao Caju pode entrevistar qualquer jogador. Será assim sempre que o CT for aberto, o que deve ser mais frequente.
O clube viu o óbvio: com respeito de ambas as partes, é possível a imprensa fazer seu trabalho, o clube produzir seu material jornalístico e os jogadores trabalharem com tranquilidade. É assim no mundo civilizado, do qual em diversos momentos o Atlético inexplicavelmente se excluiu.
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Enquanto isso, na Vila…
Outro acontecimento interessante foi a visita de jogadores e dirigentes do Paraná à sede da Fúria Independente. Particularmente, não sou fã das organizadas. A festa belíssima nas arquibancadas invariavelmente é manchada pelo mau comportamento de alguns associados, que se sentem no direito de fazer arruaça simplesmente por vestir a camisa de uma facção. E não me refiro especificamente à Fúria, é um conceito geral.
Ainda assim, o encontro merece ser aplaudido. A diretoria expôs em linhas gerais o seu planejamento para 2009, os jogadores prometeram bom futebol e bom comportamento e a torcida garante o apoio irrestrito. Promessas simples, mas valiosas para deixar todos no Tricolor em sintonia com o objetivo do ano, a volta à Série A. Parabéns a todos.
O bebê de Rosemary
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Como nem tudo são flores, Corinthians e J. Malucelli fecharam o acordo que irá parir o Corinthians Paranaense. Até sexta a Federação diz se o Jotinha poderá mudar de nome-fantasia durante a competição. Pelo jeito não, como indica o próprio regulamento do Estadual. Se não der com base no papel, que pelo menos o bom senso fale mais alto e essa aberração seja adiada para o ano que vem.
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