O surfista Matheus Prado, 19 anos, 11 deles praticando o esporte, viveu momentos de perigo no domingo (28) durante campeonato no chamado ‘pico’ de Matinhos, sua terra natal.
Segundo seu próprio relato, quando estava prestes a pegar uma onda, percebeu emergir da água uma barbatana. Teve certeza que era um tubarão. “O bicho começou a vir na minha direção. Estava perto de mim e de outro surfista, o Vinicius Viraha… Nós dois vimos na hora”, conta.
“Peguei a onda e me desequilibrei com a chegada da espuma. Fiquei com medo de cair bem na frente do animal. Era grande, escuro, tinha quase dois metros”, conta Prado. “Naquele momento, eu e o Vinicius avisamos os juízes rapidamente. E todo mundo deixou o mar. Estava um pouco afastado e fui o último a chegar à areia”.
Depois do incidente houve uma assembleia para discutir se o campeonato deveria recomeçar. Alguns surfistas levantaram a mão, inclusive Matheus Prado, para seguir a competição, mas um dos organizadores do evento, por prudência e responsabilidade, impediu a sequência das baterias.
Diante da repercussão negativa do ocorrido, a comunidade de Matinhos e do surfe alegaram que o animal visto seria um boto, algo que eliminaria risco de pânico futuro. As fotos que circulam na internet (que são reprodução e tem baixa qualidade) parecem diluir a possibilidade de boto, mas não deixam claro se é o temido predador.
Segundo a professora Camila Domit, coordenadora do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), existe uma dúvida ao analisar as imagens: “Pode ser a nadadeira dorsal de tubarão ou uma nadadeira peitoral de arraia”, avalia.
O professor Hugo Bornatowski, também do (CEM-UFPR), não tem dúvida. “A possibilidade de ser golfinho é pequena, tubarão não é com certeza, quase 100% de ser peitoral de uma arraia”, crava. “É muito importante pra tirar essa falsa impressão e alarme de ser tubarão”.
O surfista, que foi testemunha ocular, discorda: “Tenho opinião de biólogos, é tubarão”, diz o atleta que se deparou com a fera. “Já soube de aparições desse tipo em Santa Catarina e São Paulo, mas aqui é a primeira vez. É também a primeira vez que um campeonato é suspenso”.
Outros casos
Apesar de curiosa, a presença de tubarões em campeonatos de surfe não é novidade. Em outubro de 2016, a surfista paranaense Nathalie Martins foi surpreendida por um deles enquanto participava de uma competição na praia de Punta de Lobos, em Pichilemu, no Chile. Na ocasião, um jet-ski da organização do torneio entrou na água para monitorar a situação e a bateria foi retomada.
Já em meados de 2015, um susto maior aconteceu durante a sexta etapa do Mundial de Surfe, disputada em Jeffreys Bay, na África do Sul, quando um tubarão-branco, o maior peixe predador existente, tentou atacar o australiano Mick Fanning. A etapa foi cancelada e retomada no dia seguinte. O episódio levou a Liga Mundial de Surfe (WSL) a rever algumas diretrizes de segurança para as provas da modalidade.
