Entrevista com Petraglia passa Atlético a limpo

Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, falou bastante antes do jogo com o São Paulo, algo cada vez mais raro. Atendeu os ouvintes da RB2 (Rádio CAP), veículo oficial do clube, mas foi esclarecedor em alguns pontos, redundante em outros, e mandou o seu recado com chavões e frases de efeito. De Autuori a Walter, passou o Atlético a limpo. Confira alguns trechos.

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Thiago Heleno

“Quanto à renovação do Thiago Heleno e o Léo, estamos conversando, acho extremamente difícil o Thiago pernamecer. Tem vários clubes com propostas [para tê-lo] e não será possível novamente o empréstimo desse jogador. O investidor que tem seus direitos quer vendê-lo. Ele tem 28 anos já e o valor é em torno de R$ 10 milhões. Gostaríamos muito, mas com 20 mil sócios…

Walter

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“Aqui não tem bobo, entende? Quando faz esse tipo de pergunta [motivo da saída de Walter] ofende. Será que estamos fazendo coisas primárias? Se não ficou é por que a instituição seria prejudicada com a sua permanência. Muitas vezes não abre o jogo para preservar as pessoas. O Walter é o Walter, entende? Já passou, virou a página.”

Marcos Guilherme

“Jogador de grande potencial que a torcida está tentando, sabe lá por qual razão, queimá-lo. Tivemos várias propostas para vendê-lo e não vendemos para não ser criticado. Pressão na cabeça de um menino de 20 anos e cento e poucas partidas com a nossa camisa, várias convocações. O Santos quis levar emprestado. Jogador desse nível não se empresta. Vocês conhecem algum jogador de potencial que algum clube emprestou. Tenha piedade.”

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Ingresso

Com 40  mil sócios, poderíamos vender os lugares vagos a R$ 20. Por que não faz isso hoje? Pois o sócio deixa de pagar para comprar ingresso. É o jeitinho brasileiro. Veja só o comércio de smart, além dos que dão gratuito, tem quem venda os ingressos. E nossa receita de bilheteria é ridícula.”

Paulo Autuori

“Este senhor, esse cidadão, que aceitou a trabalhar nesse projeto do Atlético é acima da média. Dispensa elogios. Se depender de nós, ficará eternamente. Vamos ver se ele quer…”

FunCAP

“Outra mentira, versão criada, tendeciosa, por essa oposição derrotada. A FunCAP é uma realidade. Mostraremos com o tempo a que se destina. Não tem absolutamente nada de transferência de patrimônio. Aliás, visitaremos o Tribunal de Contas para mostrar que a nossa intenção é uma única e fundamental: usar a marca do Atlético para inclusão social. Não existe trabalho sério no futebol para inclusão. Daqui um tempo dirão, ‘é verdade, ô, ô, ô…(em tom jocoso). A inveja impera. Estamos no século da inveja. A ‘destrutividade’ daqueles que têm um pouco de sucesso. Ou é veado, corno ou ladrão.

Sócios (parte 1)

“O ovo nasce primeiro. O ovo tem de ser chocado. E o ovo é o sócio. Nossa torcida, em comparação aos grandes clubes, não é grande. Precisa vir vários pintinhos e continuar crescendo. Não é verdade que um bom time gera sócio. No momento que para de ganhar, o sócio para de pagar. Precisamos de uma torcida que se associe, fanática, amor incondicional. Contrata o Schweinsteiger e terá 40 mil. Ai ele morre ou vai embora e teremos novamente 20 mil.”

Sócios (parte 2)

Já tivemos 80 mil sócios com CPFs diferentes e precisamos de 40 mil. Garante o fluxo de caixa e a certeza de investir em jogador mais caro, pois teremos dinheiro no fim do mês para pagar. Primeiro sócio, depois investimento. Não temos as melhores receitas de televisão, não temos patrocínios no mesmo nível, pois a nossa torcida é pequena, a caixa paga 1/5 do que paga ao Corinthians. Como teremos dinheiro para na mesma competição teremos de enfrentar Corinthians, Palmeiras? Milagre? Do coro nasce a correia. Não haverá time campeão do mundo, enquanto 40 mil sócios e média de 30 mil presentes no estádio.

Torcida organizada

Tentamos, houve algum pacto, momento de paz, mas chegou a uma situação insustentável. Violência! Mesmo agora no jogo do Coritiba; dizem que torcedores da organizada, pois primeiro torcem para organizada e depois o clube, cometerem uma violência contra um menino. O símbolo da própria torcida, a caveira, é o símbolo da morte. As famílias não estão vindo mais ao estádio pelo medo da violência. Não podemos ficar dependendo de um grupelho conduzindo o estádio. Ninguém é dependente de grupos que conduzem gritarias para o lado do bem e do mal. Não podemos ficar nesta estrutura; subordinados, obedientes e reféns deste pessoal, que não é bom, saudável, pois eles conduzem para o lado que bem entende.

Petraglia por Petraglia

Passamos anos sem ganhar absolutamente nada. Quando vencia Atletiba soltava elefantes na avenida João Pessoa, a velha Boca Maldita, hoje somos considerados como prováveis campeões das competições que entramos. Estaduais a minha geração só teve em 58, depois 70 e depois 82. Ou seja: 24 anos para ganhar três estaduais.

(…)  A história do Petraglia é vitoriosa. Nós nunca caímos para a segunda divisão. Tivemos que subir duas vezes, em 95 e 2012.

(…)  As forças contrárias ao nosso crescimento trabalham, especialmente à noite. Na calada da noite.

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