
Roman tem mestrado e doutorado e sempre sonhou em trabalhar com políticas públicas para o esporte
Evandro Rogério Roman ganhou pontos quando denunciou o maior escândalo de corrupção na arbitragem do país. Sim, o maior. Nenhuma falcatrua tinha tantas ramificações com dirigentes e apitadores quanto o chamado “Caso Bruxo”.
Ele teve uma coragem que poucos teriam. Veio a público e chamou os coleguinhas de “aves de rapina”. Citou nome por nome de todos os gatunos. Não provou quase nada. Mas desmontou a máfia instalada na Federação Paranaense de Futebol.
Como jornalista, acompanhei todo esse processo de perto. Foi nojento. Vou lembrar uma história só – a que mais me chamou a atenção, entre dinheiro em saco plástico, em pote de perfume e outras pilantragens surreais… O sorteio dos jogos entre Paraná e Coritiba, invariavelmente, terminavam com o mesmo mediador. O cara, hoje aposentado, tinha uma sorte repugnante.
Roman fez o que a ética mandava. Cumpriu o seu papel. E logo em seguida entrou para o quadro da Fifa. É hoje um dos juízes de futebol com maior atuação no cenário nacional.
Mas não se pode confundir as coisas. O novo secretário de esportes deu uma lição de moralidade e tudo mais… Agora, tem projeto de gestão pública para a pasta que irá assumir? Não tem. Vai se dedicar exclusivamente à atividade que tanto se espera? Também não vai.
Vou selecionar algumas frases de Roman ao repórter
“Fui indicado por lideranças do Oeste do Paraná, deputados federais e estaduais, encabeçadas pelos senhores Jacy Scanagatta e Valdomiro Cantini.” Da citação de Roman tira-se uma conclusão óbvia: Beto Richa serviu aliados com o cargo. Não era o que se esperava para um cargo tão importante em quadriênio com Copa do Mundo e abrindo um novo ciclo olímpico.
“Quero sentar com o governador, ouvir e ver qual a linha nesse sentido. Digo apenas que não podemos pensar no imediatismo. Temos de pensar no futuro, e isso passa pela escola.” A falta de discurso de Roman fica clara. Ele não tem um projeto. Vai esperar o governador indicar. Pela fala inicial, não conseguiu dimensionar o desafio que terá pela frente.
“Mas vou negociar com a Federação Paranaense, a CBF e a Fifa para que as escalas sejam reduzidas. Mas em hipótese alguma deixarei a arbitragem.” Por fim, o árbitro – formado em Educação Física e invejável trajetória acadêmica – acha possível conciliar o trabalho político e o apito. Possível, mas não se pode esperar o melhor.
Foi só o começo. É melhor esperar. De bom, apenas o fato de finalmente alguém do esporte assumir o comando da secretaria. Boa sorte, Roman. Você vai precisar.