A ausência de Felipe Ximenes, em regra, pouco deveria interferir no desempenho do Coritiba em campo. Em regra… Na prática, essa abrupta saída pode fazer algum estrago.
Não se trata de superestimar alguém que não calça chuteiras. O fato é que o momento tenso do Coxa exige a presença de um interlocutor entre a diretoria e os atletas sempre atento.
No vestiário, o engravatado passa tranquilidade, cobra, concilia, administra crises. E esse turbilhão de coisas será potencializado no Coxa a partir de agora.
Ximenes saiu de licença médica por 15 dias. Nesta altura — sem entrar no mérito de o superintendente estar tramando uma saída à francesa — o time vai perder duas semanas irrecuperáveis na gestão dos problemas. Quando voltar, se voltar, precisará de mais 15 dias para resolver as pendências deixadas para trás.
Foi o dirigente que convenceu todos esses atletas a vestir a camisa do Coritiba. Foi ele também que vendeu o ‘projeto vencedor’ do clube. Foi ele que desferiu promessas e confeccionou contratos. E cadê ele? Pepino para o novato Marquinhos Santos e, sobretudo, para o presidente Vilson Ribeiro de Andrade descascar.
Com certeza, Andrade vai achar um novo preposto. Mas a dimensão que Ximenes alcançou no clube (especialmente no imaginário dos boleiros) complicará qualquer escolha do mandatário.
O afastado funcionário fracassou em 2012, quando trouxe 20 jogadores de qualidade questionável. As duas dezenas de atletas estão aí. E o Coritiba depende deles. Ximenes tem essa obrigação ética — mesmo que ética seja algo pouco palatável no futebol.
Talvez seja contestável a importância nos resultados do time atribuídos a Ximenes. Mas o risco de existir algum perigo já é algo que o Alviverde deveria não testar neste momento.
Além disso, como fica a montagem do time para 2013? Não adianta acertar com jogadores a partir de novembro. Quando o verão se aproximar, pouco de valioso estará à disposição no mercado.
Serão 15 dias para o Coxa mostrar que Ximenes não faz falta. Se vencer esse desafio, parte para outra por motivos óbvios. Se perder, parte para outra também, também por motivos óbvios. O atestado médico do dirigente, na verdade, é um bom test drive para um time que precisa virar a página.