Cartório da bola

Longe de ser uma denúncia bombástica de enriquecimento ilícito. Mas também não se trata de uma informação sensacionalista. Simplesmente a reportagem “Dívidas não inibem Federação de comprar automóvel de luxo” se apresenta como um retrato emblemático da entidade que administra o futebol no estado.

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Ao comprar um automóvel imponente para uso da entidade, o presidente Hélio Cury usou argumentos incompreensíveis se confrontados com o balanço da instituição. De acordo com dados apurados pelo repórter Carlos Eduardo Vicelli, está batendo na casa dos R$ 50 milhões. Claro, não se pode esquecer, fruto de 20 anos da ditadura Onaireves Moura à frente da FPF.

Esperava-se então qual atitude dos novos gestores: austeridade. Cada pequeno clube com trabalho incipiente de jogar bola paga taxas à entidade. Espera retorno. Nem sempre se vê – apesar do árduo e elogiável trabalho na vistoria dos estádios para o Paranaense 2011.

Mas o problema central não é o que se deixa de fazer pelo paupérrimo futebol local, mas o compromisso com os credores. São muitos. E a credibilidade do futebol paranaense despenca toda vez que um oficial de Justiça pega parte da renda dos clubes – aquela fatia destinada à FPF — para saldar débitos com terceiros.

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A Federação, lamentavelmente, se consolida como um cartório da bola. Faz apenas o que a lei exige, com o mínimo de recursos possíveis, pelo bem da modalidade que gere. E cobra muito caro por qualquer carimbo em uma folha de papel A4.

Comprar um Toyota Corolla, modelo dos mais requisitados do mercado, parece capricho diante do abandonado Pinheirão, da ausência de Londrina e Maringá na elite regional e dos regulamentos repletos de brechas jurídicas.


O Toyota Corolla da Federação serve aos principais dirigentes da entidade. Ideia é melhorar a imagem e a mobilidade urbana
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