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Petraglia ou John Lennon? Quem compôs a carta aberta do Atlético sobre torcida única?

Por
André Pugliesi
18/08/2018 23:27 - Atualizado: 27/09/2023 19:20
Petraglia ou John Lennon? Quem compôs a carta aberta do Atlético sobre torcida única?

Eis que num sábado à tarde, a menos de 24 horas do duelo entre Atlético-PR e Flamengo, neste domingo (19), na Arena (passeio do Furacão por 3 x 0), a diretoria atleticana resolveu se manifestar sobre o tema que preocupou a todos, torcida, adversário, poder público, a semana inteira: “torcida única”. E embora com certo atraso, o fez de maneira trepidante, numa “carta aberta” distribuída nos veículos oficiais. Leia aqui.

O texto, assinado pelo Atlético, abre com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e usa um título carregado de humor involuntário, “A torcida humana”. Em suma, são aproximadamente 2.500 caracteres de uma ingenuidade que poucas vezes vi no mundo do futebol. Ao longo da leitura, tive a impressão de ouvir “Imagine“, de John Lennon, como trilha sonora.

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Clássico do genial beatle que, entretanto, evidentemente não tem o mesmo espírito da pitoresca manifestação rubro-negra. Escrita em 1971, e inspirada em poemas da esposa Yoko Ono, a música é um grito pacifista, um protesto contundente, que acabou se tornando hino contra a tragédia da Guerra do Vietnã. É um cenário de sonho, quimérico, onde não há diferenças. Provoca reflexão e ao mesmo tempo choca.

E é nesse contexto utópico, fantástico, em que o Atlético parece estar vivendo. Sim, a diretoria do Furacão, diferentemente de todo o “resto” do planeta Terra, “alcançou Imagine”, a fantasia hippie do ícone inglês. “Não importa a cor, sexo, idade, religião ou time que torce”, diz o texto atleticano. Eu completaria com um trecho da canção: “Imagine todas as pessoas vivendo em paz”.

Seria emocionante não fosse completamente descolado da realidade e até perigoso, considerando como o futebol mexe com as emoções. E, claro, totalmente sem fundamento. O Atlético se autointitula “revolucionário”, “vanguarda” e, pasmem, “rebelde”, quando o posicionamento que adota é absolutamente autoritário e na contramão geral. “O mundo está errado e eu certo”, é até infantil.

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O Furacão “argumenta” como se os torcedores (incluindo aí a esmagadora maioria dos rubro-negros) estivessem reivindicando o direito de meter a mão na cara dos adversários, de brigar, bater, esfolar. Ora, o que os atleticanos querem, e são apoiados por todos, é só o que acontece em todos os estádios do globo terrestre.

Em linhas gerais, a torcida da casa tem seu espaço e os visitantes também. E cada qual em seu lugar pode torcer à vontade, com a camisa do seu clube, com os gritos de sua torcida, vale até xingar, entoar gritos um tanto quanto inadequados para outros ambientes, tudo numa boa, em paz. E, ao término do jogo, cada um vai para seu lado e, quem sabe, dá até para dividir uma cerveja na esquina.

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Na Premier League, a liga inglesa, referência mundial, é assim. Na liga da Espanha também. Na Itália idem. Em Portugal é igual. Enfim, na Europa toda. Até na Copa do Mundo, o paraíso dos torcedores bunda de veludo, é do mesmo jeito. Todos se reúnem, com suas camisas, em determinados setores. E sabem por que em todo lugar é assim? Porque o futebol é assim!

Mas não, o Atlético quer empurrar goela abaixo o tal esquema que, segundo o clube, não tem nada de novo (???). Diz que “todos são iguais”, mas não permite que os torcedores dos outros clubes, no caso deste domingo, os flamenguistas, usem a camisa do clube, cantem seus hinos. Ou seja, alguns são mais iguais que outros. A incoerência é tão gigante que é até constrangedor ter que ficar argumentando.

Basicamente, a “torcida única” é uma patacoada sugerida pelo Ministério Público do Paraná, esquema copiado de São Paulo que foi elaborado para uma situação diversa, os clássicos dos clubes paulistas. E que, aliás, apresenta resultados discutíveis. No caso paranaense, mais pra “torcida mista”, com os visitantes “infiltrados”, jogados na “clandestinidade”.

Coritiba e Paraná não toparam. Até porque é medida que traz prejuízos financeiros, pois reduz o interesse dos forasteiros em comparecer às partidas. O Atlético, por sua vez, viu a chance de realizar um desejo que Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo, sempre alimentou.

Disso tudo, fica mais uma manifestação de um clube que prega a “igualdade”, mas cria todo tipo de restrição, especialmente para os seus torcedores. A tal “igualdade” tem que ser a deles, nunca a dos outros. Nada tem nada a ver com a música de John Lennon. Neste caso, dá para dizer que o Atlético é sim um “sonhador” e, definitivamente, o “único”.

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