O repórter Vagner Martins, do canal Fox Sports, assediou ao vivo uma adolescente de 15 anos na véspera do jogo do Grêmio com o Pachuca, na última terça-feira (12), pelo Mundial de Clubes.
O jornalista se dirige à moça, pergunta o nome, a idade e emenda: “Qual é o teu WhatsApp?”. Faz uma breve pausa e diz “Não, tô brincando”. A adolescente nitidamente fica desconcertada com a brincadeira (?) de Vagner Martins.
Não satisfeito, o repórter de 37 anos ainda pede para a menina mandar um beijo para o apresentar do programa Fox Sports Rádio, Benjamin Back. E encerra sua passagem desastrosa dizendo ao âncora: “Está com moral com a mulherada. Já eu, quase sujou minha barra”. Tudo em tom descontraído.
Veja o vídeo:
Esse é o “jornalismo” esportivo feito por alguns homens: em vez de reportarem, assediam as entrevistadas. O que é importante para a reportagem: a objetificação da torcedora ou o clube que disputa um torneio internacional? Até qdo as mulheres torcedoras serão tratadas assim? pic.twitter.com/CGTYIBcfcU
— dibradoras (@dibradoras) 12 de dezembro de 2017
A ‘cantada’ do repórter causou revolta. E com razão. Ela não pode ser vista como normal. Além do machismo – presente em todas as profissões e enraizado na nossa cultura – também preocupa o rumo que está trilhando o jornalismo esportivo. Aos poucos, ele está perdendo sua essência jornalística para o entretenimento, para a comédia. É o jornalismo ‘engraçadinho’.
Basta ver a mudança nos programas de televisão dos canais esportivos especializados. A ascensão de jornalistas e comentarista que estão mais para comediantes do que qualquer coisa. Fazem mais piadas do que analisam, comentam, criticam, investigam.
Há quem goste, mas deve haver um limite que claramente foi violado pele repórter. Há também quem se preocupe. O assédio ao vivo cometido pelo repórter apenas retrata o ‘vale-tudo’ para o qual está avançando o jornalismo esportivo.
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