Arbitragem exigiu que o Coritiba fosse quase perfeito

Imagine qualquer time entrar em uma decisão sabendo que terá contra si um pênalti mal marcado e um claro a seu favor ignorado no primeiro jogo, e que uma falta inexistente dará chance ao adversário de usar sua principal jogada para decidir de vez o título na segunda partida. Foi exatamente esse o tamanho do desafio do Coritiba na decisão da Copa do Brasil contra o Palmeiras.

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Ah, mas o time perdeu muitas chances de gol e a defesa falhou nas bolas paradas. Certíssimo. E isso não deixou de ser falado em momento algum. Mas a intenção desse texto é separar as coisas. Mostrar que mesmo assim o Coxa tinha grandes chances de ficar com o título não fosse a influência decisiva da arbitragem. Afinal, o Porco não fez mais em campo.

Vale separar também a atuação desastrosa do juiz Wilton Pereira Sampaio no jogo de Barueri – foi ele quem desequilibrou totalmente a decisão – da participação de Sandro Meira Ricci no Couto Pereira. A condução dele vinha sendo boa até dar uma falta que não aconteceu, uma chance de o Palmeiras usar sua principal arma para sair do sufoco logo após tomar o gol. A bola poderia ter ido para fora ou a zaga afastado e ninguém lembraria do erro. Mas Betinho fez o gol, o lance entrou para a lista que fez pender fortemente a balança para o lado paulista e a Copa do Brasil acabou ali.

A teoria da conspiração se espalha. Mas, para mim, até que se prove o contrário, a explicação é mais simples: os árbitros se pelam de medo de errar contra grandes clubes de São Paulo ou do Rio, ainda mais em uma final. Dá para imaginar o barulho que seria feito caso o beneficiado em todos esses lances fosse o time paranaense. Era coisa para acabar com a carreira de juiz. Partindo de Curitiba a repercussão é bem menor e logo abafada. Isso faz o árbitro entrar condicionado e, na dúvida, com o dele na reta, tomar a decisão que menos irá prejudicá-lo.

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Ou seja, para ser campeão contra um dos “grandes” os times daqui – de qualquer lugar, na verdade, a não ser gaúchos e mineiros, que possuem certa força política – precisam ser quase perfeitos. Não têm o mesmo direito do adversário de perder gols ou cometer falhas defensivas. É sintomático os dois títulos nacionais do futebol paranaense terem sido conquistados sobre clubes de menor expressão como Bangu e São Caetano.

Até a torcida atleticana, certamente feliz com a derrota do rival, se pensar de forma mais ampla verá que a forma como ela aconteceu é preocupante. Muito bem poderia ser o Rubro-Negro em campo. Cedo ou tarde o time voltará a uma grande final e, como nada indica que as coisas mudarão, também terá de jogar muito mais do que o adversário.

Concordo com as fortes críticas do Coritiba à arbitragem. O protesto tem de ser o maior possível, deixando claro para o país que o clube foi lesado. Só não concordo com o presidente coxa-branca Vilson Ribeiro de Andrade dizendo que o Palmeiras deveria se envergonhar do título. Se o Coritiba ganhasse nessas condições – algo quase impossível de acontecer, é verdade –, iria comemorar da mesma forma.

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Não citei no texto o impedimento no segundo gol do Palmeiras em Barueri porque acredito ser quase impossível para a visão de qualquer bandeirinha precisar um lance como aquele. E na dúvida a orientação da Fifa é mandar o lance seguir. Mas, na frieza do sim ou não, foi mais um lance ilegal que favoreceu o time paulista. Contando com ele, os três gols do Porco nas duas partidas nasceram em jogadas irregulares.

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