Advogados tendem a ganhar mais do que artilheiros no futebol

Quando um clube tenta anular um jogo no tapetão, o futebol brasileiro mostra a importância que dá ao legalismo, às brechas da lei, aos gols feitos via petição, despachos, acórdãos.

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É fundamental ter um advogado camisa 10 no elenco. Ele ajuda a fazer um bom contrato para garantir o ‘por fora’ no direito de imagem. Também pode garantir que o vínculo de trabalho dos garotos da base o transformem em patrimônio do clube.

Mas tem mais. O doutor é fundamental para traduzir os regulamentos dos campeonatos, entender a cabeça dos julgadores, dar entrevistas para acalmar os torcedores sobre os riscos de perder um mando de campo.

Ter a carterinha rosa da Ordem dos Advogados do Brasil vale muito no futebol. Um clube que pretende algo em campo necessita de um defensor jurídico à altura.

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Ele precisa ser intransponível como um bom zagueirão. Entender das leis trabalhistas, dar aula de direito civil, conhecer bem as normas de direito internacional e até se arriscar na área penal.
Sem esquecer, diante das dívidas constantes das agremiações, manjar muito de tributário.

O futebol anda em caminhos tão tortos que o advogado merece ganhar mais do que o craque do time. É de chorar.

Cada asterisco na classificação, como o Fluminense conseguiu via Superior Tribunal de Justiça Desportiva, faz a festa dos burocratas. Transfere a emoção para os gabinetes. Dá aos ambientes com ar condicionado um peso maior que a arquibancada.

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É preciso uma Justiça para regular o futebol, óbvio. Mas ela precisa entender seu papel menor. No caso do Fluminense, por exemplo, bastaria apenas colocar o árbitro no banco dos réus. Foi ele que descumpriu a regra ao supostamente aceitar interferência externa, o auxílio da TV, para anular um gol impedido.

Simples, sem inverter valores.

Hoje existe uma cadeia alimentar, uma simbiose perfeita, entre departamento jurídico dos clubes, procuradores (responsáveis pelas denúncias) e julgadores para todos se revestirem de uma importância que não deveriam ter.

Bom para eles, péssimo para o torcedor.

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