A solução para a Primeira Liga: tirem os cariocas e os traidores

O impasse sobre o rateio das cotas de televisão da Primeira Liga expõe a dificuldade dos clubes de tratarem de forma igual os desiguais. Flamengo, Fluminense (e um mineiro não identificado, supostamente convencido pelos cariocas) se sentem melhores do que os rivais gaúchos, catarinenses e paranaenses. Usam como argumento sua força na audiência. Querem mais grana do que os demais simplesmente por existirem, por servirem de chamariz para a peleja.

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É impossível conciliar o interesse técnico com financeiro neste caso. Os cariocas não vão abrir mão da força que inegavelmente possuem em termos de exposição – Cruzeiro e Atlético-MG, mais cedo ou mais tarde, tendem a fazer o mesmo.

A única saída é óbvia para a liga prosperar sem se submeter aos “poderosos”: tirem os cariocas e, se necessário, qualquer outro traidor à ideia original. Quem não aceita as regras de equilíbrio financeiro, núcleo da formação da competição, deve ser colocado para escanteio.

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Vamos aos fatos.

Aceita por 15 dos 16 participantes na semana passada (exceto pelo Atlético), a proposta da Rede Globo – cerca de R$ 70 milhões pelas próximas três edições – seria dividida da seguinte forma: 45% (entre todos os clubes) 32,5% (audiência) e 22,5% (premiação). Não se questiona a oferta da emissora, mas como será feito o rateio.

O assunto nem deveria entrar na pauta, mas a dupla Fla-Flu e um gigante de BH sugeriram que fosse esquecida a distribuição acordada inicialmente, quando da criação da liga, espelhada no modelo inglês: 50% do montante reservado para divisão entre todos os membros, e o restante repartido igualmente em dois, entre prêmios pela campanha em campo e audiência (50/25/25).

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Os cariocas fizeram um complozinho com um dos mineiros para mudar o que tinha sido decidido quando da formação da liga. Roeram a corda”, revela o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, que teve participação decisiva na CBF para o torneio sair do papel no início deste ano.

Três “grandes”, sedentos por dinheiro, engoliram os pequenos, que aparentemente cederam à pressão. Uma distorção criada pelo desequilíbrio de marcas (grifes, peso da camisa, chame do que quiser) e que, em um círculo vicioso, aumenta a disparidade entre os concorrentes.

A tevê tem interesse na Primeira Liga com as cifras atuais por causa dos “campeões de audiência”, sem dúvida. Sem eles, por esse raciocínio, o torneio valeria menos. Há dois caminhos: pagar quanto cada um vale para a mídia, mantendo o abismo financeiro recebido pelos participantes, ou afastar quem cria o impasse e lutar por um modelo que beneficie mais o campeonato (o coletivo) do que os clubes (o individual). É hora de mostrar coragem.

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