A pergunta paranista

Tirar o técnico Roberto Cavalo do comando do Paraná é dar um tiro no próprio pé. Não quero dizer com isso que o treinador não tem culpa do fiasco tricolor no Paranaense, nem estou absolvendo seus claros equívocos nas escalações. Ele ajudou a escolher jogadores de baixa qualidade – falhas que ele já assumiu publicamente – e tem se atrapalhado na hora de montar uma escalação com as opções que tem. Mas Cavalo é parte de um planejamento que já previa águas turbulentas no início da temporada.

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Já em dezembro, a diretoria tricolor implorou paciência à torcida. Todos sabiam que a tática de buscar “um polaco de cada colônia” e de tentar criar um time “do nada” trariam um período de muitas dúvidas. A intenção era montar um plantel barato, para economizar dinheiro visando à Série B, e que pudesse servir como base para a luta de volta à Primeira Divisão. Com tanto vexame em campo – e agora fora dele, com bate-boca de dirigentes e treinador –, acreditar que se está no início de um projeto que pode dar certo é o único possível alento paranista.

Um conforto, ou esperança (por pequena que seja), que vai por água abaixo quando a mesma diretoria que pede paciência aos fãs é a primeira a perdê-la. O trabalho todo é desacreditado. A impressão que dá é que a vergonha de ver um time ser saco de pancadas em um campeonato com equipes limitadas ou de ter de ouvir o rival gritar “o Paraná vai acabar” é um sofrimento vão. A humilhação gratuita dói ainda mais. Está cada vez mais claro que nem a diretoria (ou pelo menos parte dela) acredita naquele caminho que traçou.

Mesmo um elenco fraco pode trazer resultados menos lastimáveis do que esse vem alcançando. É o que fazem a maioria dos times do interior. Só que é preciso tempo, entrosamento (união), tranquilidade e um bom sistema tático. A palavra chave talvez seja tempo – um time não ganha consistência da noite para o dia. E aí entra a paciência e a disposição para sofrer derrotas às vezes retumbantes por um bem maior. O difícil, no caso atual, é conseguir visualizar esse “bem maior”.

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O que é pior agora, fica a pergunta: confiar no arriscado planejamento de testar jogadores baratos até montar o elenco para a Série B (e brigar contra o rebaixamento no Estadual) ou promover uma revolução no projeto agora, no meio do pior Paranaense da história do Tricolor? Nos dois casos, os tricolores devem demorar a voltar a sorrir.

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