Opinião

Torcedores têm agora desculpa perfeita para fazer o que já fazem: não ir ao estádio

Flamengo e Portuguesa sem público no Maracanã, pouco antes do estouro da pandemia no país.

A pandemia do novo coronavírus está oferecendo desculpa perfeita para que torcedores façam o que normalmente fazem: não ir aos estádios. Com as praças esportivas lacradas, pelo menos até o final de 2020, dá pra ficar em casa tranquilaço, sem “dor na consciência” de estar distante do time do coração.

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É mera constatação. Embora, por aí, há quem tente demonstrar sofrimento terrível diante do impedimento de frequentar arquibancadas ou repousar o bumbum na cadeira numerada/nominada. São poucos. Tão poucos que não enchem nem metade das praças esportivas pelo país.

Está nos números. Dos 60 principais clubes do Brasil, apenas 6, ou seja, 10%, levam público maior do que a metade da capacidade de seus estádios em 2020: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Paysandu, Remo e Brusque, de acordo com o levantamento do Globoesporte.

Pior, muito pior: 39 das 60 torcidas, ou 65%, não consomem sequer um quarto da lotação de suas casas. Casos de Athletico (22%), Coritiba (22%) e Paraná (16%). Estádio vazio no Brasil é regra. A pandemia só mudará os campos de praticamente às moscas para sem absolutamente ninguém.

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É o panorama de um país que é apenas o 13º entre os mais apaixonados pelo futebol, de acordo com pesquisa da Nielsen Sports de 2018. Considere ainda que 41% dos brasileiros não possuem qualquer interesse pelo esporte, conforme levantamento do Datafolha, também feito em 2018.

Culpa só do brasileiro, que não curte muito bola e, menos ainda, ir ao campo? Não necessariamente. É parte também de um histórico de estádios em péssimas condições, episódios de violência, realidade que, após a Copa 2014, mudou para arenas modernas com ingressos a preços escorchantes.

Ausência cabal de público, durante e, quem sabe, pós-pandemia, que não preocupa? Ô se aflige, e muito. Se ganhos com bilheteria representam valores modestos, para a maioria, pelo menos, não tê-los é evidentemente pior. Mais um desafio para a sobrevivência dos clubes no período, entre tantos.

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Mas, enquanto isso, o torcedor-de-sofá, contingente mais expressivo no Brasil, pode ficar sossegado. Ninguém vai cobrá-lo por não ir ao jogo.

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