Análise

Tiago Nunes, de “maior técnico da história” do Athletico a “mercenário ingrato” em 19 dias

Não tenho certeza, mas parece que alguém já disse, em algum momento, que o “futebol é dinâmico”. Não é que é mesmo? Em poucos minutos, dias, meses, tudo muda. E o que era, deixa de ser.

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Um treinador pode ser amado por uma torcida, por exemplo. Considerado o maior da história daquele clube, artífice de títulos importantes. Alçado ao panteão dos imortais, banhado em glória.

Para, em apenas 19 dias, desabar ao inferno, relegado à sarjeta. Tachado de mercenário. Judas, traidor. Nunca foi por amor, sempre foi por dinheiro. Dos píncaros para a porta dos fundos.

É o caso de Tiago Nunes. Em 17 de outubro, o gaúcho recebeu placa, camisa personalizada e loas dos dirigentes do Athletico por 100 jogos completados. Na última terça-feira, dia 5 de novembro, 19 dias depois, o treinador multicampeão foi chamado de “ingrato” pelo Furacão em nota oficial.

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Athletico/Site oficial

O que mudou no curto período? Nada. Ou seria tudo? Explico melhor. Não mudou nada. Nunes segue o maior técnico da história do Athletico, peça fundamental nos canecos da Sul-Americana e Copa do Brasil. No entanto, trocou o Furacão pelo Corinthians. E aí, para alguns, muda tudo.

Mesmo que a negociação tenha sido típica do futebol. Agentes agindo nas sombras. Reuniões nos bastidores. WhatsApp pegando fogo. Especulações na imprensa. Dinheiro jorrando. Cada um por si. Chora agora, ri depois.

Albari Rosa/Gazeta do Povo

É assim desde a invenção da bola. A partir da primeira transação, do primeiro ídolo que virou a casaca, da primeira vez em que um técnico deixou-se seduzir por “vantagens”, a roda da mágoa começou a girar. E não parou mais.

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Curiosamente, no Rubro-Negro parece mais frequente do que em outros clubes. Dagoberto, Aloísio, Jancarlos, Marcos Aurélio, entre outros. Não é incomum que ídolos da torcida, ou jogadores com passagens importantes, deixem a Baixada como reles interesseiros.

A diferença, agora, está num discurso que acaba reverberado pelas redes sociais, forma um “espírito do tempo”, e passa a impressão de que está completamente disseminado pela torcida. É o “chamado buzz”, normalmente impulsionado por, de novo, os “chamados influencers”.

Funciona como comentários de portais. Normalmente, só aparecem os coléricos, de forma anônima, claro, ou não teriam coragem de publicar. E aí, fica a impressão que a maioria está indisposta. O que não é verdade, nem para os comentários, nem para o ruído das redes.

Mais do que nunca, como diria aquela apresentador dominical, tenta-se emplacar uma narrativa. De que Nunes, o mais vitorioso da história, sai pela porta dos fundos. Se é o que alguns acham, que seja, o pensamento é livre. As taças, entretanto, seguem na galeria do CT do Caju.

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