Petraglia fez de tudo para elitizar a Baixada. Agora, reclama dos atleticanos ricos
Diretamente do seu bunker no Campo Comprido, o crítico do isolamento social, presidente e autonomeado CEO do Athletico, Mario Celso Petraglia, detonou os torcedores do Furacão do que o cartola classifica como "classe A".
De acordo com o dirigente, com o futebol em crise, provocada pela pandemia do coronavírus, os atleticamos que "podem mais" deveriam dar mais e não estão dando. Mas quem está dando mais são os rubro-negros que "podem menos".
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Uma análise notável. Abre para reflexões e, claro, conclusões precipitadas. De qualquer forma, é curioso que o dirigente que mais encampou elitização do esporte no Brasil esteja decepcionado, justamente, com a high society rubro-negra.
Escreveu Petraglia, no Facebook:
"Nossa estratificação dos sócios que ainda estão pagando e ajudando o Furacão, somente 20% são da classe A, os 80% pertencem as classes B e C, estes torcedores são os que se sacrificam por AMOR ao Furacão!!! Jamais cobrei e cobrarei dos torcedores que não tem renda para pagar a mensalidade ou ingressos, novamente quero deixar claro, é dos torcedores que podem, sem sacrifício algum, pagar o sócio Furacão, porém não o fazem" .
Depoimento de quem, ao longo das mais de duas décadas dando as cartas na Rua Buenos Aires, defendeu inúmeras vezes a ideia de que lugar de torcedor pobre é diante da TV, assistindo ao jogo. O evento ao vivo, a "experiência" no estádio, é para poucos.
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Há anos, com intervalos estratégicos pertos das eleições do clube, Petraglia também tenta varrer da Baixada a Os Fanáticos, formada em grande parte por atleticanos de baixa renda. E usa o problema, real, da violência, para segregar e estigmatizar.
O que o Atheltico nunca mostrou, nos mais de 20 anos de Arena, é como encher a duas vezes modernizada praça esportiva com "fãs" endinheirados, confortavelmente alojados em poltronas almofadas, sorvendo seus Ice Capuccinos.
O público do Furacão ao longo de todo esse tempo, de ingressos a preços extorsivos e planos de sócios engessados, é um fracasso. Durante o Brasileirão de 2019, por exemplo, a taxa de ocupação do Joaquim Américo rondou os pífios 35%.
Combinar presença maciça com incremento de receitas é uma estratégia complexa, é evidente. Mais ainda para um clube como o Athletico, que não está entre as potências financeiras do país, nem é privilegiado com cotas de TV.
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É preciso considerar, ainda, que público não se resume ao aspecto financeiro. O Athletico é a expressão, em campo, da paixão de uma massa diversa de torcedores, que precisa estar representada nas arquibancadas da Baixada.
Ao fim, o diagnóstico de Petraglia mostra que o Furacão pode contar com o torcedor para o qual sempre fechou os portões. Ao que parece, os atleticanos pobres querem e, dentro das suas possibilidades, podem ajudar.
Resta o Rubro-Negro querer ser ajudado.
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