Memória

O dia em que Matthäus, no Athletico, ganhou recepção alemã arranjada por nós, da Gazeta

Acompanhei de perto o trepidante roteiro de Lothar Matthäus pelo Athletico, até mesmo colado na traseira do possante Volkswagen dele, enquanto o alemão colecionava multas ao longo do trajeto até o CT do Caju. Era 2006, e como repórter da Gazeta, encarei uma cobertura Big Brother do legendário craque da Alemanha.

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Eis que, 14 anos depois, Matthäus pede desculpas ao clube, em entrevista à ESPN, e revela que gostaria de reparar o vacilo da saída extemporânea. Gesto de humildade. Mas, se eu fosse do Athletico, e considerando que o ex-jogador não detém trabalho expressivo algum à beira do campo, diria: “Obrigado! Mas, deixa quieto”.

Restam, então, as inúmeras histórias que sublinharam a passagem relâmpago do ex-camisa 10 pela Baixada. Numa delas, eu e o fotógrafo Albari Rosa aprumamos uma notável recepção alemã ao então técnico do Furacão. Chegada apoteótica em tarde de sol, num domingo 12 de fevereiro, em Rolândia. Prost!

Passado tanto tempo, já dá pra contar. Fomos destacados para cobrir o primeiro jogo de Matthäus no interior do Paraná. Inevitavelmente, choque de realidade para quem desfilou por suntuosos palcos do futebol mundial. Com todo o respeito: atuar no Erich George não era, nem é, o mesmo que no San Siro.

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Não bastasse o pitoresco cenário, Lothar, para os íntimos, desembarcaria numa cidade de forte colonização alemã. Porém, ao chegarmos, ali pelas proximidades de Londrina, ninguém fazia ideia de que o conterrâneo famoso fora contratado pelo Rubro-Negro. Menos ainda, que visitaria o município dali a dois dias.

Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Atentem: há uma década estávamos, se compararmos ao período atual, na pré-história da comunicação. O Facebook, a esplêndida ferramenta para rever amigos e perceber como ficaram chatos, só tinha dois anos, ninguém postava a foto do próprio rosto no Instagram e o WhatsApp, este espetacular vetor de mentiras, é de 2009.

Diante da revelação, ao primeiro contato com os próceres da comunidade, reforçamos, para a evidente concordância geral, que o homem que ergueu a taça Fifa em 1990 merecia recepção não menos do que nababesca. E, assim, o duelo com o Nacional, pelo Paranaense, vencido por 2 a 1 pelo Athletico, tornou-se ainda mais significativo.

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Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Com o tremendo empenho dos locais, a acanhada praça esportiva transmutou-se, rapidamente, e ao menos por um dia, numa versão, digamos, um tanto quanto reduzida, do Estádio Olímpico de Berlim. Numa típica e acolhedora festa alemã para o filho estrela do futebol.

Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo
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