Corinthians cria novo tipo de torcedor nutella: o “é piscininha, amor”

O Corinthians inaugurou no último domingo (17), no clássico com o São Paulo, um camarote com piscina no Itaquerão. Sim, é isso mesmo. Por R$ 4 mil, o corintiano pode desfrutar do espaço enquanto assiste ao jogo do Timão em casa.

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A apresentação já diz tudo sobre o naipe do empreendimento. O espaço VIP integra a “Fiel Zone”, e a banheira, digo, piscina, foi batizada de “Black Pool”. Claro, a iniciativa, bastante simbólica, gerou tremendo “buzz” nas redes sociais e, evidentemente, suscitou polêmica.

Taí a última atualização, ou o modelo 2019/2020, do “torcedor nutella”. O torcedor que, enquanto o jogo se desenrola no gramado, e a massa agita nas arquibancadas, prefere banhar-se em trajes mínimos, bitocando drinks e burgers artesanais.

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Antes de qualquer coisa, não sou contra o torcedor nutella, até tenho amigos que são e gostam. Ao contrário, acho fundamental que alguém se disponha a pagar caro por “espetáculos” que, convenhamos, são na maioria das vezes de quinta categoria.

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Acho até engraçadinho torcedor que tem um clube no Brasil e outro na Premier League, o mesmo fã de esporte que se excita com as stats da NFL e, mesmo com 40 anos, não perde um lançamento de super-herói nos cinemas. Tem espaço.

Agora, o problema é a campanha que está em curso, já há algum tempo, de substituição de um tipo de torcedor pelo outro. Sai de cena o “apaixonado”, o “torcedor organizado”, o cara que vai ao campo para “empurrar o time”, entra o popular “bunda de veludo”, o filhote perfeito do “soccer business”.

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Higienização, pasteurização, elitização que é ainda mais grave em se tratando do Corinthians e da sua massa popular. Clube que, entretanto, construiu um estádio novinho, com mármore e grana da Odebrecht, para menos de 50 mil pessoas, sem lugar para a vibrante fiel torcida e ingressos abusivos.

Ora, o futebol tem espaço para todos e quem diz isso são as médias baixíssimas de público pelos estádios do Brasil, com raras exceções. O Athletico, por exemplo, não consegue manter uma audiência que encha ao menos metade da Arena da Baixada ao longo da temporada.

Sou do tempo em que se ia ao estádio e se o triunfo não viesse no campo, teria de vir, ao menos, na bancada, calando os visitantes ou, até mesmo, os donos da casa. Tudo bem se você quer assistir ao jogo de sunga, mas a bancada precisa, também, de quem só quer ficar em pé no concreto armado.

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