Camisas de outros times e “torcida humana”: não. Estádio precisa ser hostil

Times do interior do Paraná estão em campanha para que, no estádio, torcedores vistam apenas as cores dos clubes. Portanto, nada de camisas de outras equipes (exceto no setor visitante, claro) em partidas do Operário, Foz do Iguaçu, Rio Branco, para citar três agremiações engajadas.

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É natural que os times do interior sejam a segunda opção de boa parte dos torcedores. Afinal, a maioria não frequenta nem mesmo a Segunda Divisão do Brasileiro, tem calendário absolutamente limitado. E há, ainda, o fator “colonização esportiva”.

Assim sendo, é também comum que camisas de outras equipes apareçam nas arquibancadas do Estádio do Café, Germano Krüger, Arnaldo Busato, ABC, Estradinha, para citar apenas algumas praças esportivas do interior. E não é de agora.

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Da minha parte, não poderia concordar mais com a campanha. Você tem preferência por outra equipe? Tudo bem, vista e exiba as cores com orgulho quando seu time estiver em campo. Se não for o caso, deixe em casa, dobradinha no armário. É melhor para todo mundo.

Evidentemente, condeno qualquer tipo de agressão, e até mesmo que se imponha o menor constrangimento, caso um desavisado cometa o vacilo de aparecer com o manto do Flamengo, por exemplo, na casa do Leão da Estradinha. Sem violência!

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Agora, há uma liturgia no futebol que precisa ser respeitada. Há um clima que diferencia o esporte de todos os demais praticados no planeta. Há uma atmosfera única. Trata-se de um duelo, de um combate, de um confronto, no campo e nas arquibancadas. E o fardamento, claro, é peça fundamental.

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Ir a um jogo de futebol não é como ir à uma arena da NBA, onde rivais bebem refrigerante no mesmo canudinho e dividem um balde de garlic fries. Não é o clipe de “We are the world”. Não há clima para cantar “Imagine”, do John Lennon, na entrada dos times.

Todo time precisa fazer do próprio estádio o seu reduto, o seu bunker, sua cancha, seu caldeirão. Um diferencial, um trunfo, um local em que os torcedores adversários, por mais que estejam sentados em poltronas de couro, e em perfeita segurança, jamais ficarão confortáveis.

O cenário tem de ser hostil, no sentido de ameaçador, pouco acolhedor. Torcedor oponente fica no seu canto, onde poderá torcer à vontade, com segurança e, certamente, acabará abafado pela massa local. Visitante não abre a geladeira, não põe o pé em cima do sofá.

Medidas como a “torcida humana” do Athletico, um plano torto para se impor igualdade goela abaixo na Arena, e arquibancadas que reproduzem as cores do arco íris, são situações que não têm nada a ver com o espírito do esporte.  Futebol é paixão, não entretenimento.

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