Análise

Bruno Guimarães ou Kléberson? Quem foi melhor no Athletico? Uma polêmica vazia totalmente necessária

O que seria do futebol sem as polêmicas vazias? Que graça teria sem os debates completamente descabidos? O que seria de nós sem a chance de formar listas de melhores de todos os tempos que misturam épocas totalmente distintas?

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Nada. Não seríamos nada. Absolutamente nada.

Assim, lanço aqui nova altercação para aproveitar, ao que parece, a despedida de Bruno Guimarães do Athletico. Mais ou menos como Renan Lodi, o volante fez duas temporadas no Brasil e já está de malas prontas para a Europa. Quem viu, viu.

Vejo atleticanos alçando Guimarães ao posto de maior jogador da história do Furacão. Portanto, antes de qualquer coisa, peço: torcedores, calma! Percebo alguma empolgação na análise, típica dos jovens, para quem o tempo em que vive é sempre o mais importante desde a partida dos dinossauros. Entendo, também já fui assim.

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Agora, para quem já viu um pouco mais, ou mesmo ouviu, com alguma atenção, os relatos e lorotas de quem já viu muito mais, sabe que há controvérsias até mesmo se Guimarães foi o melhor na posição. Especialmente, porque o jaqueta 39 tem concorrente, na mesma faixa de campo, praticamente imbatível: Kléberson.

O popularmente chamado Xaropinho também foi um segundo volante, ou misto de volante com meia, como queiram, de trato refinado, estupenda visão periférica e que, para usar o chato jargão dos filhos de Moneyball, que sabia “pisar na área”. Não raro, igualmente metia seus golzinhos.

Claro, há diferenças notáveis no jogo-jogado de ambos. O paranaense era mais dinâmico, multifunções, o “motorzinho”, como os antigos já diziam. O carioca é mais cerebral, atua no “ritmo do Canal 100”, como alguém certa vez disse para criticar outro jogador e eu considerei um tremendo elogio.

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E se os dois são considerados excelentes jogadores, ao ponto de uma preferência ser mais uma questão de gosto, é preciso comparar os feitos com a camisa rubro-negra. Há jogadores históricos mesmo sem títulos, mas levantar canecos é, sempre, um diferencial.

Entre os feitos mais notáveis, Kléberson foi peça-chave do primeiro título de expressão do clube: o Brasileiro de 2001. Com o 10 no costado, carimbava todas as bolas, fazia a transposição do Rio São Francisco, atravessando a bola de um lado ao outro da cancha, cobrava faltas e escanteios. Participou da conquista da Seletiva e integrou aquela equipe de Oswaldo Fumeiro Alvarez que descobriu a América em 2000.

Guimarães, por sua vez, foi campeão da Copa Sul-Americana em 2018 e decisivo no levante da Copa do Brasil em 2019. Meteu um gol de fianco na final com o Inter, no Joaquim Américo, única manobra possível para acertar aquela bola, que está entre os top 10 da história do Furacão. Jogou, e bem, Libertadores e Brasileiro.

Aparentemente, há vantagem para Guimarães. Mas as aparências enganam e, nem sempre, dois títulos são maiores do que um. O craque carioca integrou um Athletico consolidado, pronto para conquistas. Kléberson defendeu o Atlético, sem H, um clube forasteiro ainda em busca de um grande golpe.

E se Kléberson foi o primeiro brasileiro a vestir a camisa do Manchester United, e Bruno Guimarães logo envergará o manto de outra potência europeia, o Atlético de Madri, o paranaense tem em sua galeria particular algo que o carioca sonha todas as noites: uma medalha de campeão do mundo com a seleção brasileira, em 2002, na Copa da Coreia do Sul e do Japão.

Convocado diretamente do Furacão, após um churrasco no CT do Caju em que os matreiros Antônio Lopes e Geninho enfiaram na cabeça de Felipão que o atleticano poderia ser a solução para todos os problemas do escrete canarinho. E não é que foi? Foi com a entrada do volante que o time dos Ronaldos e Rivaldo achou o ajuste tático necessário para buscar o penta.

Chamado para as seleções de base, Guimarães tem potencial para empreender carreira no time nacional, tal qual o parceiro Lodi e, no futuro, igualar Kléberson. Nos resta, então, aguardar e, daqui a 10 anos, retomarmos a mesma polêmica vazia. Para, possivelmente, da mesma forma, chegarmos a resultado nenhum.

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