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O que está por trás da reviravolta do Atlético sobre a cota da Globo no PR

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André Pugliesi
01/12/2018 23:48 - Atualizado: 29/09/2023 23:40
O que está por trás da reviravolta do Atlético sobre a cota da Globo no PR

O Atlético-PR não teve dúvidas ao rejeitar o acordo para a transmissão do Paranaense, oferecido sob novo contrato com a Globo, para 2017, 2018 e 2019. Na avaliação do clube, os R$ 600 mil ofertados pela emissora representavam valor aviltante.

Assim, com a recusa, o Furacão ficou fora da telinha nos dois últimos estaduais. Posição que, ao que tudo indica, muda para 2019. Em reunião na última sexta-feira (30), no Couto Pereira, o clube acenou que topa vender os direitos de transmissão. E mais, dividir o bolo igualitariamente com os clubes.

O valor que o Rubro-Negro aceitou? Aproximadamente R$ 475 mil, o que dá R$ 125 mil a menos do que o montante inicial, colocado na mesa em 2017. O que explica, cerca de dois anos depois, o Atlético ingressar no contrato por menos dinheiro ainda?

Há, evidentemente, uma estratégia por trás. Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do clube, está com “um olho no peixe e outro no gato”, ou “atirou no que viu para acertar o que não viu”, enfim, insira aqui o seu adágio predileto.

Muito mais do que a cota, claro, o Atlético está se preparando para o futuro. Especialmente, na possibilidade de transmitir suas partidas ao vivo em streaming, ou seja, via internet. Há tempos o canal de mídia atleticano, que já chegou a ser batizado de CAP Play, está em gestação.

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E o clube vislumbra o Estadual como uma alternativa para tirar, de vez, o projeto da incubadora. A Globo já acenou que não deve bancar as disputas locais a partir de 2020, pelo menos não no formato atual. Cenário que é diferente do Nacional.

Basicamente, por dois motivos. O primeiro, o fato de no Brasileirão os clubes já estarem amarrados com contratos de transmissão até 2024, seja em TV aberta, fechada ou PPV, com a Globo ou o Esporte Interativo. A outra razão, complementar, tem relação com a legislação brasileira.

A Lei Pelé, em seu artigo 42, determina que os direitos de transmissão das partidas pertencem aos dois times envolvidos. Ou seja, para que um jogo passe na TV, as duas equipes precisam permitir, terem contrato com a mesma emissora ou, ainda, um acordo para tanto.

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Com as equipes do Paraná “livres” de contrato a partir do Estadual 2020, pelo menos por enquanto, está aberta aí a porta para o Furacão inaugurar seu streaming. Pretensão prevista para daqui a duas temporadas e até com um aplicativo para celular, conforme reportagem de Fernando Rudnick. 

Como se vê, a motivação do Rubro-Negro, ao voltar atrás na relação com a TV,  é meramente comercial, bem mais do que a “união” dos clubes locais. O que não há mal nenhum, diga-se. Ao contrário, é salutar que as equipes sigam desenvolvendo artifícios financeiros para competir.

E o streaming já se firma como o presente e, certamente, é o futuro das transmissões esportivas. Ainda na última semana, por exemplo, a DAZN, primeiro serviço do tipo apenas de esporte, anunciou a veiculação, via internet, a partir de 2019, da Sul-Americana, Italiano e Francês.

Campo que gigantes como Facebook e Youtube já ocuparam. A Liga dos Campeões e a Libertadores já caíram nas garras de Mark Zuckerberg. E a Amazon Prime e o Twitter já adquiriram, por milhões de dólares, direitos da NFL, a liga de futebol americano.

O plano atleticano segue por aí, e pode carregar junto Coritiba, Paraná, Londrina, Foz do Iguaçu, Rio Branco, Cascavel CR e FC Cascavel, as outras equipes presentes no encontro no Alto da Glória que sugeriu a renovação do panorama para 2019.

Para que o projeto vingue, entretanto, será preciso, em paralelo, incrementar o Estadual, tarefa inglória. Como se sabe, as competições locais são atualmente como um telefone fixo. Ninguém sabe mais qual a utilidade do aparelho, apenas que existe.

É aguardar e ver. A conversa é interessante e aponta para o futuro. Terá de superar, no entanto, a rivalidade mesquinha que, invariavelmente, prende o futebol paranaense ao passado. Do contrário, a “Netflix” do Paranaense não sai do papel.

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