Com taça da ‘Sula’, Atlético vê chance de deixar Coritiba na saudade
É comum ver torcedores do Atlético-PR considerarem o clube, pelo patrimônio, anos-luz à frente do Coritiba. Mesmo com a Arena enrolada na Justiça e sob risco de leilão, sem esquecer que foi financiada em dois terços com recursos públicos, a afirmação carrega alguma razão. A diferença é notável.
A avaliação, entretanto, parte de um equívoco. No futebol, a distinção se mostra no campo, não fora dele. Estrutura é ótimo e, normalmente, impulsiona os resultados. Mas, quando isso não ocorre, ou, pelo menos, não com frequência, a distinção serve, basicamente, para aquecer a rivalidade.
Com a passagem para a final da Sul-Americana, com o atropelamento sobre o Fluminense, o Atlético ganha, outra vez, a chance de se descolar esportivamente do rival. A taça está dois jogos distante, e já é tempo de especular sobre um possível triunfo, contra uma equipe colombiana.
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E assim, parto do seguinte: qual o peso de uma taça da Sula? Para alguns clubes, gigantes como Boca Juniors, River Plate, São Paulo, Santos, Grêmio, é relativo. Para outros, médio. Para Atlético, Coritiba e Paraná, os três do estado, uma conquista teria significado imenso.
Em caso de caneco, descolaria o Furacão do Coxa. Cada um tem um título nacional e só. O Alviverde em 1985, há 33 anos, e o Rubro-Negro em 2001, há quase 17. E nenhum deles têm um troféu internacional relevante, apenas triunfos em excursões amistosas exóticas.
E falando em prestígio internacional, o Atlético já está à frente do rival. Tem cinco participações na Libertadores e um vice (2000, 2002, 2005, 2014 e 2017). O Coritiba, por sua vez, foi a duas edições e em ambas ficou na fase inicial (1986 e 2004). A Sula ampliaria a distância consideravelmente.
Alguém pode argumentar, mas e a diferença de títulos locais entre os rivais? O Coxa tem 38 e o Furacão 24. As conquistas estaduais perderam significado com o esporte no mundo globalizado. Óbvio, é melhor vencer do que perder, e vale comemorar, mas são torneios preparatórios para a temporada.
Vale o mesmo para os clássicos Atletibas. O Coxa tem dianteira importante. Venceu 145, enquanto o Furacão 119, diferença de 26. Também, é combustível para a rivalidade local e só. Não tem peso decisivo no panorama atual.
Resumindo, o Furacão colocaria ao lado da taça do Nacional uma copa internacional. Evidente, não se aproxima da Libertadores, e há quem compare como uma “segunda divisão”, mas, para as nossas equipes representa sem dúvida um salto de patamar.
Novo estágio que ainda pode ser ampliado com mais três jogos. Com vitórias na disputa da Copa Suruga, entre o vencedor da Sula com o da J. League, no Japão. E a Recopa, que opõe os campeões da Sula com a Libertadores. Ou seja, um eventual confronto com River Plate ou Boca Juniors.
A oportunidade está aberta. Resta confirmar, o que não é pouca coisa. Em caso de insucesso, voltamos a discutir nossos feitos regionais.
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