Atletiba, a farsa da “torcida humana” e o Athletico no mundo da fantasia

Arquivo Gazeta do Povo

O “conceito” de “torcida humana”, finalmente, chegou ao Atletiba. Inaugurado no ano passado, o sistema engendrado pelo Athletico e o Ministério Público do Paraná será implementado pela primeira vez no principal clássico do Paraná.

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Resumidamente, os torcedores do Coritiba, descaracterizados, terão de se misturar aos atleticanos na Arena da Baixada, para o duelo de quarta-feira (30). Não haverá um setor específico para os coxas-brancas, nenhuma divisão dentro do Joaquim Américo.

Pelo que se percebe facilmente, a imensa maioria rejeita o esquema. Torcedores do Athletico não querem. Torcedores do Coritiba também. Claro, há quem defenda, assim como há quem defenda Senhor dos Anéis, Engenheiros do Hawaii e que a Terra é plana.

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Para começar, o “conceito” é uma farsa. Possui, na essência, um equívoco incontornável. O Athletico sustenta e, acredite, lançou mão até da Declaração Universal de Direitos Humanos para tanto, que todos os torcedores são “livres” e devem ser “respeitados” dentro da Arena.

Entretanto, a ideia de liberdade do clube é bastante extravagante. Os adversários são “livres” na Baixada desde que não vistam a camisa de seu time e nada que faça alusão e, ainda, não se manifestem ao longo das partidas. Você pode fazer o que quiser, desde que seja o que eu quero, entende?

Ora, estivesse mesmo interessado em criar um novo ambiente dentro do futebol, estabelecer uma nova “cultura”, o Athletico abriria espaço para que os adversários fossem aos jogos na Arena com as cores de seus clubes e vibrassem quando bem entendessem, em qualquer lugar. Seria coerente, ao menos.

Mas não, o Furacão tenta, e vem conseguindo, empurrar goela abaixo uma concepção que, simplesmente, não existe em lugar algum do globo terrestre. E não porque ninguém pensou nisso, mas porque é algo completamente esdrúxulo.

Na Copa do Mundo não é assim, torcedores dos países envolvidos se reúnem em setores específicos do estádio para empurrar, todos juntos, suas equipes. Na Premier League, a liga mais desenvolvida do planeta, não é assim. Na Alemanha, outra referência, também não.

Na prática, o “conceito” de “torcida humana” não traz nada de positivo. Ao contrário, afastou as torcidas visitantes da Arena (e, junto, centenas de milhares de reais) e criou um clima de receio e tensão, ao gerar a figura do “adversário infiltrado”, do “inimigo oculto”.

Condição que, claro, já rendeu confusões dentro da Baixada, em jogos contra Internacional, Vasco e Corinthians. E o plano de “torcida humana” não é apenas um atentado contra a cultura de arquibancada, mas frágil sob o aspecto de segurança. Os problemas, normalmente, estão fora dos estádios.

O Athletico se vende como “inovador”, “rebelde”, “vanguarda” e, para usar a expressão da moda, “disruptivo”. Tenta emplacar um cenário que é pura ilusão, uma visão idílica de estádio, em que torcedores rivais dividem a pipoca e parabenizam um ao outro pelo “belo jogo” no campo.

No entanto, com tal medida, o Rubro-Negro só consegue reforçar o status de clube autoritário e que, com alguma frequência, parece habitar um universo paralelo. E joga o Atletiba, a maior instituição do futebol paranaense, dentro de uma tremenda bad trip.

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