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André Pugliesi
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Atletiba, a farsa da “torcida humana” e o Athletico no mundo da fantasia

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André Pugliesi
28/01/2019 19:34 - Atualizado: 29/09/2023 23:38
Arquivo Gazeta do Povo
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O “conceito” de “torcida humana”, finalmente, chegou ao Atletiba. Inaugurado no ano passado, o sistema engendrado pelo Athletico e o Ministério Público do Paraná será implementado pela primeira vez no principal clássico do Paraná.

Resumidamente, os torcedores do Coritiba, descaracterizados, terão de se misturar aos atleticanos na Arena da Baixada, para o duelo de quarta-feira (30). Não haverá um setor específico para os coxas-brancas, nenhuma divisão dentro do Joaquim Américo.

Pelo que se percebe facilmente, a imensa maioria rejeita o esquema. Torcedores do Athletico não querem. Torcedores do Coritiba também. Claro, há quem defenda, assim como há quem defenda Senhor dos Anéis, Engenheiros do Hawaii e que a Terra é plana.

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Para começar, o “conceito” é uma farsa. Possui, na essência, um equívoco incontornável. O Athletico sustenta e, acredite, lançou mão até da Declaração Universal de Direitos Humanos para tanto, que todos os torcedores são “livres” e devem ser “respeitados” dentro da Arena.

Entretanto, a ideia de liberdade do clube é bastante extravagante. Os adversários são “livres” na Baixada desde que não vistam a camisa de seu time e nada que faça alusão e, ainda, não se manifestem ao longo das partidas. Você pode fazer o que quiser, desde que seja o que eu quero, entende?

Ora, estivesse mesmo interessado em criar um novo ambiente dentro do futebol, estabelecer uma nova “cultura”, o Athletico abriria espaço para que os adversários fossem aos jogos na Arena com as cores de seus clubes e vibrassem quando bem entendessem, em qualquer lugar. Seria coerente, ao menos.

Mas não, o Furacão tenta, e vem conseguindo, empurrar goela abaixo uma concepção que, simplesmente, não existe em lugar algum do globo terrestre. E não porque ninguém pensou nisso, mas porque é algo completamente esdrúxulo.

Na Copa do Mundo não é assim, torcedores dos países envolvidos se reúnem em setores específicos do estádio para empurrar, todos juntos, suas equipes. Na Premier League, a liga mais desenvolvida do planeta, não é assim. Na Alemanha, outra referência, também não.

Na prática, o “conceito” de “torcida humana” não traz nada de positivo. Ao contrário, afastou as torcidas visitantes da Arena (e, junto, centenas de milhares de reais) e criou um clima de receio e tensão, ao gerar a figura do “adversário infiltrado”, do “inimigo oculto”.

Condição que, claro, já rendeu confusões dentro da Baixada, em jogos contra Internacional, Vasco e Corinthians. E o plano de “torcida humana” não é apenas um atentado contra a cultura de arquibancada, mas frágil sob o aspecto de segurança. Os problemas, normalmente, estão fora dos estádios.

O Athletico se vende como “inovador”, “rebelde”, “vanguarda” e, para usar a expressão da moda, “disruptivo”. Tenta emplacar um cenário que é pura ilusão, uma visão idílica de estádio, em que torcedores rivais dividem a pipoca e parabenizam um ao outro pelo “belo jogo” no campo.

No entanto, com tal medida, o Rubro-Negro só consegue reforçar o status de clube autoritário e que, com alguma frequência, parece habitar um universo paralelo. E joga o Atletiba, a maior instituição do futebol paranaense, dentro de uma tremenda bad trip.

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