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Tentaram colar o sucesso do Athletico na grama sintética. E o do Palmeiras?

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André Pugliesi
08/03/2021 12:45 - Atualizado: 29/09/2023 20:04
Tentaram colar o sucesso do Athletico na grama sintética. E o do Palmeiras?
| Foto: Gazeta do Povo

Os triunfos do Athletico em 2018 e 2019, campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil, entre outros feitos, ficaram fáceis de explicar: grama sintética. O novo recurso, instalado em 2016, teria influência decisiva, de acordo com parte da imprensa e torcedores, nas vitórias na Arena da Baixada.

Imagino, então, que a campanha do Palmeiras desde que incrementou o Allianz Parque com piso artificial mereça o mesmo descrédito, não? Apenas na temporada 2020, encerrada em 2021, os palmeirenses levantaram Paulista, Libertadores e Copa do Brasil.

Parece, entretanto, que os triunfos dos paulistas, acostumados às grandes conquistas, não são tão relacionados com o recurso como foram os dos paranaenses, considerados, ainda, intrusos entre as principais potências do país (o que se explica, pela irregularidade).

O ponto, no entanto, é outro. É apontar a pouca relevância da discussão e, assim, jogar contra o texto que você lê agora. Por que? A começar, por se tratar do piso artificial um elemento absolutamente dentro das regras e, para os campos certificados pela Fifa, cenário quase indistinguível do natural.

Mas você sabe que não é porque algo é regra, ou lei, que se justifica. Está aí o VAR e as regras do futebol, várias completamente sem cabimento, que, não por acaso, os vovôzinhos da Board alteram tanto quanto se troca de cueca. Você já se atualizou com a alteração desta segunda? Não soube?

Eu não gosto de gramado sintético. Entendo que qualquer clube deve ir às últimas consequências para atuar em grama que realiza fotossíntese. Por que? Ora, como diria Gentil Cardoso, "se a bola é feita de couro, se o couro vem da vaca e se a vaca come capim, então a bola gosta de rolar na grama".

Parece pouco técnico em tempos de scouters, jogo apoiado, prospectos etc, mas é basicamente por aí. O futebol nasceu, cresceu e se desenvolveu no "gramado de grama", como disse certa vez um amigo, e é nele que se deve correr, driblar e, como último recurso, dar um carrinho.

O que não significa, como disse, que o recurso não possa existir. Como fez o Athletico, por exemplo, embora eu não consiga entender, com a tecnologia disponível, como o clube fez duas remodelações profundas em seu estádio sem ter conseguido solucionar o problema da umidade do terreno de jogo.

O mais importante, entretanto, vem a partir de agora, e desculpe pelas divagações. O fato é que é absolutamente impossível relacionar, diretamente, qualquer ganho de desempenho por causa do gramado sintético. Mas, antes, peço mais um pouco de paciência.

Sobre o Furacão, como exemplo mais consolidado, os números dentro do Joaquim Américo mostram histórico compatível. O Rubro-Negro sempre foi forte em seus domínios, com ou sem grama sintética. E aqui eu indico um levantamento que mostra isso, publicado pelo Bem Paraná.

Também não foi recentemente que o clube se intrometeu entre os chamados, e vários só chamados, "grandes". O fez outras vezes, em gramado natural, como em 2001, 2004, 2005 e 2013, com campanhas bastante consistentes quando atuava em seu bunker.

E os resultados recentes, fora e dentro da Arena, também não provam nada. Na Sul-Americana, em 2018, ganhou do Bahia fora, mas perdeu em casa. Na Copa do Brasil, empatou com o Flamengo as duas e bateu o Internacional duas vezes na decisão. O que isso significa? Não sei.

Mas não é a regularidade, ou "legalidade" do piso, nem mesmo o histórico das equipes quando atuam em cima ou não do campo artificial, que baseiam a minha tese. E sim que é obviamente infrutífero discutir tal "variável" num esporte como o futebol, tão sujeito à intempéries e nuances.

As análises sobre o desempenho do Athletico, recorro novamente ao clube, mostram diferenças tão sutis que, simplesmente, não podem ser relacionadas a um suposto "trunfo" do campo do jogo. E que análise tão sensível resistiria a um gol perdido debaixo das traves?

Ou que diagnóstico do Grêmio na final da Copa do Brasil fica em pé diante da influência de um goleiro como Paulo Victor? Como vimos no gol anulado de Edenílson, do Inter, contra o Corinthians, no Brasileirão, um palmo de terra muda uma vida inteira.

Assim, são infrutíferas as tentativas de relacionar o sucesso do Athletico, e do Palmeiras, com a grama sintética. O que está evidente, para além de uma suposta vantagem do "quique e da velocidade da bola", para recorrer ao clichê, é a organização e os bons times dos dois clubes nos últimos anos.

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