colunas e Blogs
André Pugliesi
André Pugliesi

André Pugliesi

Opinião

O Athletico, clube mais elitista do país, fala agora em “democratização do futebol”

Por
André Pugliesi
20/08/2020 00:37 - Atualizado: 29/09/2023 23:13
O Athletico, clube mais elitista do país, fala agora em “democratização do futebol”
| Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo

Por causa da guerra pelos direitos de TV, detonada pela MP 984, o Athletico incorporou ao universo do clube palavra que, por décadas, provocava engulhos entre a cartolagem rubro-negra: "democratização". Nas redes sociais, o Furacão exorta a participação popular para emplacar a chamada "lei do mandante".

É legítimo. Está em curso momento decisivo para o futuro do soccer business no país do 7 a 1, com a perspectiva de mudança definitiva no regime de direitos de transmissão, redistribuição de cotas e aparecimento de novos players, para usar alguns dos termos preferidos dos marketeiros. Não há nada de errado na campanha atleticana.

Agora, é ao mesmo tempo curioso tal atitude para um clube que tornou-se sinônimo de elitização. Que, desde que Mario Celso Petraglia tomou o poder, em 1995, esforçou-se para expulsar da Baixada as camadas populares de sua numerosa torcida. Claro, sempre "amparado" pelas "tendências de mercado" e o delicado balanço econômico do país.

O fato é que a expedição exclusivista do Athletico é um fracasso retumbante. Reaberta em 2014, renovadíssima para a Copa do Mundo, a Arena não consegue superar sequer 30% de taxa de ocupação em seis anos. E o plano de sócios do Furacão está empacado na faixa dos 20 mil fiéis há anos e anos, apesar do incremento de receitas.

Eis que surge, com a MP 984, novo flanco para turbinar o caixa. Normalmente, o Athletico apela ao contingente de torcedores que pode pagar R$ 150 por mês e instagramar o rebranding Quatro Ventos vestidos com a camisas oficiais cobertas de patchs. O foco, no entanto, aparentemente mudou. Há outros.

O clube olha agora, também, para os atleticanos vida loka que estão aí pela cidade espremida pelo coronavírus. Para aqueles que seus dirigentes decidiram exilar, para os quais o Athletico transformou-se num time na TV. Os tempos mudaram e, olha só, eles podem ser úteis na luta pela "revolução do streaming". Quem sabe, têm R$ 24,90 pra empenhar no Furacão Play.

São todos rubro-negros. Iguais. Entretanto, uns podem ir à Baixada, outros não, mesmo que o estádio esteja sempre entupido de cadeiras vazias. Mas o papo mudou, é "de democratização do futebol". Resta aguardar e ver, quando a Covid-19 estiver sob controle, se virá uma nova política, de ingressos populares em setores ociosos e planos variados de associação.

Ou "democratização do futebol" é só com o bolso dos outros?

Veja também:
Em 70 dias de temporada, Coritiba chegou a 10 atletas lesionados
Em 70 dias de temporada, Coritiba chegou a 10 atletas lesionados
Na mira do Athletico, atacante Vargas será reavaliado por novo técnico do Atlético-MG
Na mira do Athletico, atacante Vargas será reavaliado por novo técnico do Atlético-MG
Cuca confirma atacante ex-Flamengo fora do Athletico
Cuca confirma atacante ex-Flamengo fora do Athletico
Fluminense espera acordo nas próximas semanas para renovar com Diniz
Fluminense espera acordo nas próximas semanas para renovar com Diniz
participe da conversa
compartilhe
Encontrou algo errado na matéria?
Avise-nos
+ Notícias sobre André Pugliesi
A “revolução do streaming” não será televisionada na Copa do Mundo
Opinião

A “revolução do streaming” não será televisionada na Copa do Mundo

Vai começar o maior show da Terra: Galvão Bueno narrando
Opinião

Vai começar o maior show da Terra: Galvão Bueno narrando

Petraglia “prova” que torcida não ganha jogo; Felipão discorda. Mas pouco importa
Opinião

Petraglia “prova” que torcida não ganha jogo; Felipão discorda. Mas pouco importa