colunas e Blogs
André Barcinski
André Barcinski

André Barcinski

Opinião

Raquete de tênis com chip? Pela volta das raquetes de madeira, urgente!

Por
André Barcinski
10/03/2021 13:33 - Atualizado: 29/09/2023 20:03
Raquete de tênis com chip? Pela volta das raquetes de madeira, urgente!
| Foto: Arquivo/UmDois Esportes

A Babolat, marca francesa de raquetes de tênis (fabricadas na China, claro) anunciou recentemente o lançamento da Play Pure Drive, a primeira raquete “smart” a usar um sensor interno para coletar dados dos golpes e, assim, permitir ao tenista analisar seu jogo com mais precisão.

Pausa para um longo e tedioso bocejo.

Em vez de inovações tecnológicas que
deixam as raquetes cada vez mais leves e potentes, capazes de elevar o “forehand”
de qualquer Zé Ruela a velocidades que 30 ou 40 anos atrás eram exclusividade
de Villas, Borg e Sampras, gostaria de ver não uma evolução, mas um RETROCESSO
no tênis, como sugeriu John McEenroe em uma entrevista ao jornal inglês “The
Independent”:

“Podem me chamar
de dinossauro, mas eu gostaria de ver Federer jogando com uma raquete de
madeira. Tenho certeza que ele jogaria muito bem, mas seria interessante.”

Big Mac continua:

“As raquetes hoje são feitas para o cara comum que joga de vez em quando e pensa: ‘Ei, até que eu bato com bastante força’ (...) mas no nível mais alto do tênis, esses avanços têm acontecido desde que eu enfrentava o (Bjorn) Borg. Os jogadores são mais altos, mais fortes, têm preparo físico melhor, se alimentam melhor. Então por que dar a eles, além disso tudo, uma raquete que lhes permite ter 30% a 50% a mais de potência? Não faz sentido.”

Concordo com McEnroe. As inovações no
tênis, especialmente nas raquetes, que a partir dos anos 1980 deixaram de ser
produzidas apenas de madeira e alumínio e começaram a ser feitas de grafite e
outros materiais, mudaram o esporte. O jogo de tênis hoje é muito mais rápido e
potente do que nos anos 1980. O que, na minha opinião, o torna mais chato.

Cresci numa época de ouro do esporte. Assistir a tênis entre o fim dos anos 1970 e o início dos anos 1990 era fascinante. Borg, Connors, Evert, Navratilova, Graff, McEnroe, Ashe, Villas, Edberg, Lendl, King, Becker, Gerulaitis, Sampras, Chang, Agassi, uma constelação de astros.

Claro que assistir a Federer, Nadal e
Djokovic também é legal, mas a rapidez das jogadas, a força descomunal dos
saques e, principalmente, o domínio desses três nomes no topo dos rankings nos
últimos anos diminuíram muito meu interesse pelo esporte.

A diferença causada pela “evolução” dos materiais das raquetes é incontestável.

Todas as colunas do André Barcinski no UmDois Esportes!

Dos 38 saques mais velozes registrados oficialmente no torneio profissional masculino, apenas um – o 15º, do britânico Greg Rusedski (239,8 km/h) – ocorreu antes de 2000. Foi em 1998. O saque mais veloz de todos os tempos foi registrado em 2012 pelo australiano Sam Groth num torneio na China: 263 km/h.

No tênis feminino, o fenômeno se
repete: na lista dos 17 saques mais velozes, o mais antigo ocorreu em 2006. A
líder do ranking é a espanhola Georgina Garcia Pérez, com um saque de 220 km/h
realizado na Hungria, em 2018.

O ranking dos saques mais velozes é
contestado. O norte-americano Roscoe Tanner teria acertado um saque a 249 km/h
em 1978, mas o golpe não está na lista.

Claro que tenistas mais antigos acertaram saques muito potentes e que poderiam figurar nesse ranking, mas a diferença parece ser a consistência com que os jogadores mais novos acertam esses super saques.

John McEnroe conta que, em 1996, jogou
uma partida de exibição contra Pete Sampras. Em certo momento, os dois tenistas
usaram raquetes de madeira. Sampras acertou três saques seguidos na mesma
velocidade em que costumava sacar com a raquete moderna, mas reclamou de dores
no ombro. “Pete teve de fazer muito mais esforço para sacar à mesma
velocidade”, diz McEnroe. “Hoje, tenistas fazem isso com muito menos esforço”.

As mudanças nas tecnologias das
raquetes impedem uma comparação entre jogadores do presente e do passado. Se a
liga profissional de beisebol norte-americana, por exemplo, exige a utilização
de tacos de madeira, a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) não
regulamenta o material de produção das raquetes (tacos de beisebol de alumínio
existem desde os anos 1970 e são mais poderosos, mas sua utilização é proibida
no beisebol profissional).

A exemplo de McEnroe, eu também gostaria de ver Federer, Nadal e Djokovic usando raquetes de madeira ou alumínio. O jogo certamente seria mais lento e privilegiaria jogadas de efeito e paciência, e não a força bruta. E eu certamente acordaria cedo para ver jogos, o que parei de fazer há anos.

Veja também:
Grêmio x Cuiabá: escalações prováveis, como assistir, data e horário
Grêmio x Cuiabá: escalações prováveis, como assistir, data e horário
Fluminense x Vasco: escalações prováveis, como assistir, data e horário
Fluminense x Vasco: escalações prováveis, como assistir, data e horário
Mercado da bola: veja as novidades desta sexta-feira (19)
Mercado da bola: veja as novidades desta sexta-feira (19)
Atlético-MG x Cruzeiro: escalações prováveis, como assistir, data e horário
Atlético-MG x Cruzeiro: escalações prováveis, como assistir, data e horário
participe da conversa
compartilhe
Encontrou algo errado na matéria?
Avise-nos
+ Notícias sobre André Barcinski
Nada como um dia depois do outro…
Opinião

Nada como um dia depois do outro…

“14 Montanhas”: história incrível, num filme nem tanto
Opinião

“14 Montanhas”: história incrível, num filme nem tanto

Shackleton e os dois anos de luta pela sobrevivência na área mais inóspita do planeta
Opinião

Shackleton e os dois anos de luta pela sobrevivência na área mais inóspita do planeta