Opinião

Muhammad Ali, um dos maiores personagens da história, ganha documentário à altura do mito

Ken Burns é
um dos maiores documentaristas que existem. Suas séries sobre a Primeira
Guerra, a Guerra Civil Americana, o Jazz, a Lei Seca, o Beisebol, a Guerra do
Vietnã, a música country e o escritor Ernest Hemingway são documentos de grande
valor histórico e, ao mesmo tempo, entretenimento da mais alta qualidade.

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Por isso, quando Burns anunciou que estava trabalhando numa série documental sobre o esportista mais importante, influente e politicamente relevante da história – Muhammad Ali – minha expectativa foi às alturas.

“Muhammad Ali”, a série, dirigida por Burns com a filha, Sarah Burns, e David McMahon, é tudo que a gente esperava e mais um pouco. Oito horas de impressionantes imagens de arquivo, pesquisa minuciosa e grandes histórias, tudo com a narração eloquente e charmosa do ator Keith David (que fez, entre muitos outros filmes, “Eles Vivem”, de John Carpenter).

Veja o trailer:

A série não
está disponível em nenhum streaming brasileiro (aliás, poucos trabalham de
Burns estão, o que é indesculpável), mas dá para assisti-lo de graça. Basta
usar um VPN e acessar o site da PBS, a emissora pública de TV norte-americana.
A série está disponível com legendas em espanhol e inglês.

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São oito
horas que passam voando. Da infância numa casa pobre e dominada por um pai violento
(uma das primeiras descrições do menino Cassius brigando é justamente
defendendo a mãe das agressões do pai) ao início no boxe, das primeiras
vitórias amadoras ao título olímpico em 1960 em Roma, da entrada no
profissionalismo ao inacreditável triunfo contra o favoritíssimo Sonny Liston,
tudo parece uma obra de ficção, de tão fascinante.

Depois de tornar-se campeão mundial dos pesos-pesados, Cassius Clay vira mito. Seu fascínio com Malcolm X e a Nação de Islã resulta na conversão ao islamismo e na mudança de nome para Muhammad Ali, depois na tomada de posições políticas cada vez mais eloquentes, culminando em sua recusa em lutar no Vietnã.

“Muhammad Ali” deveria ser mostrado em escolas, igrejas e associações de bairro; deveria ser visto por todos que têm interesse em História e em grandes histórias. Ali foi um dos maiores personagens do século 20, um ídolo cuja importância transcendeu o esporte, e a série de Ken Burns, Sarah Burns e David McMahon lhe dá a devida importância.

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