Opinião

Quem decidiu que ironia merece punição no futebol? Já não bastam VAR e torcida única?

Quarenta e sete minutos do segundo
tempo. A Chapecoense enfrenta o Fortaleza na Arena Condá, em Chapecó. Pênalti
para o Fortaleza. Yago Pikachu bate e marca, confirmando a vitória do Fortaleza
por 2 a 1.

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Na comemoração, Pikachu manda um
beijinho para a torcida rival, que o xingava. Resultado: levou um cartão
amarelo.

Por quê? Por mandar um beijo pra
arquibancada? Por ser irônico? Por brincar?

Agora vamos à Itália: Lazio e Inter de
Milão se enfrentam. A equipe romana vence por 3 a 1, e o zagueiro brasileiro
Luiz Felipe, para comemorar, dá um pulo nas costas de um rival, o argentino
Joaquin Correa, de quem é grande amigo.

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Qualquer um que já jogou pelada sabe
que foi uma brincadeira inocente, uma reação de alegria pela vitória e de
simpatia pelo amigo perdedor. Mas o juizão entendeu diferente e expulsou Luiz
Felipe.

O que está havendo? Quem decidiu que
manifestações espontâneas e irônicas merecem punição dentro de um campo de
futebol? Que busca pela moralização é essa?

Nos últimos anos, o futebol fez
grandes avanços no combate a crimes como racismo e homofobia, mas punir um
jogador por mandar beijos para a torcida adversária é inaceitável. É querer
transformar o campo de futebol num jardim da infância, onde adultos são
admoestados por qualquer transgressão que fira o “decoro” exigido.

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Será que os dirigentes não percebem
que estão matando a espontaneidade e graça do futebol?

Já não bastam VAR, torcida única, desequilíbrio financeiro e “espanholização” para nos desinteressar cada vez mais pelo esporte? Precisam fazer do futebol um jogo de padres agora?

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