Meu poder de influir na vida das pessoas com conselhos acabou quando minha última das três filhas foi embora de casa. Se restasse um mínimo desse poder, iria exercitá-lo para dar um conselho ao torcedor do Athletico, valor que nos é comum.

É o seguinte: não trate o treinador Wesley Carvalho de “estagiário” e “burro”. Ele é um bom técnico, conhece futebol e conhece o Athletico.

Os seus erros – e que são poucos na formação e orientação do time, nada mais são do que consequência da gestão irresponsável do futebol. Com outro treinador não seria diferente.

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A variação da conduta do time não pode ser dissociada da ausência de Vitor Roque. O jovem craque era referência para qualquer proposta tática, fosse moderna ou fosse conservadora. O final de sua execução iria levar a bola até ele para finalizar o que, em regra, resultava em gol.

Sem Vitor Roque, qualquer técnico no atual Athletico não sobreviveria, pois teria, como Wesley Carvalho, buscar solução em Cuello, Willian Bigode, Rômulo e Arriagada. Quando um time passa a ter o exótico Canobbio como esperança, não se pode culpar o treinador.

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Bem por isso, sinto-me confortável em afirmar: Wesley Carvalho nunca deverá ser culpado na do Athletico vir perder a vaga para a Libertadores de 2024.

Quando tratei Felipão como “Capitu” ao trair o Athletico para ir ao Galo, tinha certeza de que a gestão do futebol iria se degringolar. A sua autoridade exteriorizada pelo seu histórico e pela sua condição moral eram a referência para todos os jogadores. Como o de Paulo Autori, o carisma de Luiz impedia que o CT do Caju fosse transformado no “Rancho Neverland”, um parque de diversões.

Como havia ocorrido com a saída de Autuori, sem Felipão o Athletico entrou em recesso e o futebol entrou em crise técnica, crise de autoridade e crise moral. Márcio Lara, o “Lampadinha” e Alexandre Mattos, os mais estrelares da guarda pretoriana de Petraglia, não têm uma única virtude que Felipão tem: não conhecendo futebol como jogo, são incapazes; mal educados e sem nenhum princípio de respeito ao ser humano, são rejeitados internamente.

E mais grave: pelos negócios inexplicáveis que fazem (Willian Bigode, Arturo Vidal e Bruno Peres), imprimem a certeza a todos no CT do Caju que são negócios que têm caráter privado e não institucional.

E se não bastasse, o próprio Petraglia transforma o Athletico da “noiva mais desejada” no clube “que está à venda”.

Mas essa é uma outra questão que irei abordar.

Por enquanto, afirmo: Wesley não é o culpado.