O volante Erick vai contar com um incentivo extra no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Pai, mãe, esposa, madrasta e irmão estarão na torcida pelo volante do Athletico, que nasceu em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Pai do jogador, Flávio Carvalho esperou com muita ansiedade a chegada deste 12 de dezembro para estar na arquibancada na primeira parte da decisão valendo o título.
“É uma coisa que a gente não consegue explicar. A expectativa, emoção e ansiedade do jogo precedem uns 15 dias antes, ou até mais. Desde que o Athletico se classificou pra final a gente já fica sem dormir, ou acordando de madrugada, sempre imaginando como pode ser o jogo. Agradeço muito a Deus por esse momento”, disse em entrevista ao UmDois Esportes.
Quando criança, Erick era seu fiel companheiro nos clássicos entre Cruzeiro e Atlético-MG, no Mineirão, sem contar os jogos do pai, que era goleiro de futebol amador. Depois de passar por vários projetos sociais, como o POC (Projeto Oficial Criança), e alternar o futebol de campo com o futsal, Erick se profissionalizou no Arapongas, no interior do Paraná, onde assinou seu primeiro contrato.
“Se eu fosse ouvir todas as críticas, já teríamos desistido. As pessoas me chamavam de doido, diziam ‘em vez que colocar o fiho pra estudar, fica aí rodando com ele pra cima e pra baixo’. Eu sempre disse pro Erick, que estou com ele até o final, e vamos juntos”, disse.
A chegada ao Athletico aconteceu em janeiro de 2019, após brilhar pelo Operário, onde terminou como o artilheiro do time na Série C do Brasileiro de 2018. Ele já soma 111 partidas pelo Furacão.
“Ele se dedica muito ao Athletico e é muito grato ao clube. Ele sempre diz que quer fazer história. Ele aprendeu e entende o que é o Athletico, ele respira o clube. A identificação sempre foi grande desde o começo”.
Aventura em Montevidéu em caravana e “invasão” de campo
Maior incentivador do filho, Flávio decidiu ir até Montevidéu, no mês passado, para acompanhar a final da Sul-Americana, na partida contra o Red Bull Bragantino. A viagem até o Uruguai durou 37 horas de ônibus, em uma caravana de torcedores.
O pai acabou aparecendo praticamente “de surpresa” na decisão do título continental. Flávio avisou o filho só quatro dias antes de pegar a estrada, quando teve que abrir o jogo sobre a viagem por conta do ingresso da final.
“Pensei comigo, estou com uma energia muito boa pra essa final, e decidi que eu precisava levar essa energia pra lá (Montevidéu). Vi uma postagem no Instagram de uma caravana e na hora reservei. Fui falar com o Erick, porque eu precisava de um ingresso, e ele começou a rir, me chamando de doido, e dizendo ‘misericórdia’, ri.
E aí veio a saga para o Uruguai. Assim como a maioria dos torcedores que decidiram ir de ônibus até a capital, o percurso foi recheado de dificuldades, principalmente na fronteira. Flávio conta que os policiais pediram R$500 para liberarem os torcedores, além de três camisas do Athletico.
O mais curioso é que todos os torcedores da caravana não sabiam que Flávio era o pai de Erick. Os atleticanos só descobriram quando viram fotos dos dois nas redes sociais, após a conquista do título. Além disso, um vídeo feito por uma torcedora acabou viralizando, com imagens de Flávio invadindo o campo (assista abaixo).
“Foi um dos meus maiores orgulhos naquele momento que eu gritei que ele era o meu filho. Foi uma emoção indescritível. Não pensei foi gritar que ele era o meu filho, foi uma emoção indescritível”.
O esforço valeu a pena, e Flávio presenciou a conquista do bicampeonato da Sul-Americana, vendo o filho titular e colocando mais uma medalha dourada no peito.
“Depois que a gente volta no tempo e vê tudo isso, percebemos que foi compensador, que tudo valeu a pena. O mérito maior é do Erick, eu não fiz nada além do que qualquer pai faria. Não me arrependo e faria tudo de novo. A minha alegria é ver tudo o que está acontecendo na vida dele”, falou orgulhoso.
Sem arriscar um provável placar contra o Atlético-MG, Flávio falou sobre a expectativa para a final e deixou um recado ao filho.
“Acho que vai ser um jogo muito estudado. Vejo o Athletico muito concentrado, e isso tem sido o diferencial. O grupo tem uma energia muito grande e não existe vaidade. E isso começa desde o Bolinha até o Autuori”.
“Primeiro dizer que eu o amo. o Erick é muito persistente, e isso faz ele ir longe. Tenho certeza que ele vai colocar tudo isso em campo, pela vontade e profissionalismo dele. Eu sou seu fã número 1. Aprendi e aprendo muito com ele, que me fez ver o mundo de outro jeito”.
MARCELO CIRINO – ESPECIAL ATHLETICO COPA DO BRASIL 2019 | Dois Um Podcast #31
