Newcastle

Boicotes, “dinheiro infinito”, rebaixamento: conheça o novo clube de Bruno Guimarães

A transferência do meio-campista Bruno Guimarães do Lyon para o Newcastle, por 42,1 milhões de euros (R$ 250,9 milhões), foi a quarta mais cara da janela de inverno do mercado da bola europeu. O negócio pode chegar a 50,1 milhões de euros, com bônus estipulados em contrato.

continua após a publicidade

A chegada do atleta da seleção brasileira simboliza o novo status da centenária equipe do nordeste da Inglaterra após ter sido comprada por um fundo de investimentos com participação do governo da Arábia Saudita por cerca de 300 milhões de libras (R$ 2,2 bilhões) em outubro do ano passado.

Apenas quatro meses depois da aquisição, o polêmico dinheiro saudita ainda não foi capaz de tirar o Newcastle da zona de rebaixamento da Premier League — já a negociação de compra do clube foi alvo de boicotes na Inglaterra, questionamentos do governo inglês e alerta da ONG Anistia Internacional.

O novo dono do clube é Mohammed Bin Salman, príncipe da Arábia Saudita, que também é Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa do país. Ele tem fortuna pessoal estimada em 13 bilhões de libras (R$ 92 bilhões).

continua após a publicidade

Já o novo presidente do clube é Yasir Al-Rumayyan, diretor do Fundo de Investimentos Público da Arábia Saudita, cujo orçamento é estimado em 320 bilhões de libras (R$ 2,2 trilhões).

Polêmica na Premier League

Yasir Al-Rumayyan, novo presidente do Newcastle. Foto: Divulgação

A negociação
entre Newcastle e o fundo saudita se arrastou por mais de 18 meses. E gerou
hostilidade nos demais clubes da Premier League. A alegação é de que o modelo
de negócio, que geraria “dinheiro infinito” ao Newcastle, tiraria a
competitividade da competição.

Dos 20 clubes da primeira divisão, 18 votaram contra a aquisição. Apenas o próprio Newcastle votou a favor. Já o Manchester City, cujos donos pertencem à família real dos Emirados Árabes, se absteve da votação. Apesar disso, a negociação avançou.

continua após a publicidade

Acusações de Pirataria

Diretores do Newcastle. Foto: Divulgação/Newcastle

Apesar das controvérsias, em outubro do ano passado a Premier League aprovou a venda do Newcastle. Um ponto crucial para a aprovação envolveu os direitos de transmissão da competição.

A Bein Sports, empresa do Catar que é a maior compradora de direitos de transmissão esportivos do Oriente Médio, acusava o governo da Arábia Saudita de piratear o sinal e transmitir os jogos da Premier League gratuitamente no país.

Antes de comprar o Newcastle, o governo saudita encerrou o banimento que impunha à Bein Sports no país. Os governos de Catar e Arábia Saudita, por sua vez, não mantêm relações diplomáticas.

Governo inglês

Mohammed Bin Salman, dono do Newcastle e príncipe da Arábia Saudita. Foto: EFE.

As acusações de
pirataria envolveram até mesmo o governo britânico. “É uma acusação de roubo de
três anos de direitos de transmissão”, afirmou Clive Betts, membro do
parlamento britâncio, em abril do ano passado.

A emissora saudita Arabsta negou que utilizasse frequências piratas para transmitir os jogos da Premier League ilegalmente, apesar das denúncias da Bein Sports.

A Premier League, na sequência, negou que o Newcastle tenha sido comprado diretamente pelo governo saudita. “A Premier League recebeu a garantia legal de que o governo da Arábia Saudita não controlará o Newcastle United”, disse um pronunciamento da liga, apesar de um príncipe saudita ser o novo dono.

Direitos humanos

Dono do Newcastle ao lado de Putin em encontro do G20. Foto: EFE.

A compra do Newcastle pelo fundo saudita foi criticada por ONGs de direitos humanos, torcedores do clube e até ex-jogadores. A Arábia Saudita é um país acusado de violar direitos humanos, impor ações ditatoriais, assim como é suspeito de suprimir direitos básicos das mulheres.

O próprio Mohammed Bin Salman já foi denunciado pela entidade Repórteres Sem Fronteiras por crimes contra a humanidade. Ele foi acusado pela entidade de ter responsabilidade no assassinato de um jornalista, em 2018.

A compra do Newcastle serviria, portanto, como parte de um projeto para “limpar a imagem” da Arábia Saudita globalmente.

Lenda do clube, o ex-atacante Alan Shearer aprovou a compra, mas relembrou as denúncias feitas à Arábia Saudita – e comparou o dinheiro saudita aos de outros clubes ingleses.

“Já houve investimento russo na Premier League, da China e Abu Dhabi. O Catar sediará a próxima Copa do Mundo. A Arábia Saudita investe em diversos negócios na Inglaterra e era apenas questão de tempo até entrarem no futebol”, afirmou.

Rebaixamento?

Imagem: Divulgação/Newcastle

Apesar de ser taxado como um clube de “dinheiro infinito”, o Newcastle ainda não conseguiu reverter o momento difícil na Premier League. O clube está na 18ª posição, com 21 pontos, e é o primeiro da zona de rebaixamento.

Além de Guimarães, o clube contratou o lateral Kieran Trippier, da seleção inglesa, o meia Joe Willock, ex-Arsenal, e o atacante Chris Wood, ex-Burnley, para tentar reverter a difícil situação na competição.

Se dinheiro não é problema, o clube inglês tem enfrentado resistência por parte de jogadores de maior renome no mercado da bola.

Exit mobile version