Opinião

O tsunami de violência e intolerância após Athletico x Flamengo

Por
Fernando Rudnick
18/08/2022 20:38 - Atualizado: 04/10/2023 20:05
Torcedores discutiram em restaurante de Curitiba.
Torcedores discutiram em restaurante de Curitiba. | Foto: Reprodução

Qual o motivo de tanta violência e intolerância no futebol? A pergunta é séria. Não consigo compreender esse tsunami de irracionalidade que coincide com o retorno do público aos estádios após um longo hiato causado pela pandemia de Covid-19.

Sim, existia violência antes. E muita. Mas agora, aparentemente, chegamos a um nível de involução da espécie. O Flamengo eliminou o Athletico nessa quarta-feira (17), na Copa do Brasil, e o que se sucedeu foi uma enxurrada de vídeos que retratam a mais pura estupidez humana.

O cardápio vai de torcedores flamenguistas ameaçados em um restaurante de Curitiba, horas após a partida, até brigas de rua nas imediações da Arena da Baixada, em encontros de rubro-negros paranaenses e cariocas. Cenas vergonhosas.

Também tivemos jornalista/influenciador especializado no Flamengo sendo coagido de forma ridícula na área de imprensa do estádio e policiais militares, mais uma vez, sendo truculentos e usando a cavalaria para "dispersar" torcedores. Nem parece que no fim de julho uma vida se perdeu durante um jogo de futebol, após abordagem desastrada da PM.

Sou pai de uma menina de sete anos de idade e tenho medo de levá-la ao estádio nos dias de hoje. Minha esposa, Nadja, que praticamente vive em estádios, pensa o mesmo. A hostilidade bate recordes atualmente – e não preciso nem falar dos inúmeros casos de ataques a ônibus de clubes ou diretamente a jogadores. Cenas que acontecem rodada após rodada do Brasileirão.

Qual a lógica de ameaçar ou agredir outra pessoa por causa da camisa que ela veste, por causa de uma paixão diferente da sua? Não existe justificativa para obrigar alguém a deixar uma lanchonete somente por que ela não ostenta o mesmo distintivo que você. É irracional.

O esporte, não só o futebol, não existiria sem o contrário. Sem o adversário, sem o rival. Mas a guerra precisa permanecer dentro das regras, em campo. Nas arquibancadas, não há coisa mais legal do que assistir a um clássico com torcidas divididas.

Infelizmente, do jeito que as coisas estão, quem viveu esses tempos, viveu. A torcida única ganha mais força a cada dia neste país. E a vitória dessa ideia é a derrota de todos. Da sociedade. É a prova de que o futebol reflete, como nunca, os novos tempos de intolerância.

E há quem dizia que voltaríamos melhores depois da pandemia.

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Fernando Rudnick é formado em jornalismo e pós-graduado em comunicação esportiva. Sempre repórter, começou a cobrir o dia a dia dos times paranaenses em 2009, quando entrou na Gazeta do Povo. Atualmente, é coordenador do UmDois Es...

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