Com média assustadora, Athletico é máquina de demitir técnicos na Era Petraglia

O Club Athletico Paranaense está em busca de um novo técnico para comandar o time profissional de futebol no Campeonato Brasileiro da Série B. Oferecemos:
- Salário acima da média do mercado da Segunda Divisão
- Instalações de alto nível no CT do Caju
- Estádio moderno, com teto retrátil e gramado sintético aprovado pela Fifa
Estabilidade no cargo e projeto de longo prazo
Em um imaginário anúncio de trabalho para a vaga de treinador do Athletico, a palavra "estabilidade" e o termo "longo prazo" não podem aparecer. Apesar do discurso de inovação, rebeldia, entusiasmo e ambição, o Furacão faz mais do mesmo e, sem saber o que quer, sustenta uma cultura assustadora de rotatividade no comando do futebol.
Nos últimos 31 anos – a maior parte deles com a presença de Mario Celso Petraglia na direção – o Rubro-Negro contratou (e demitiu) 101 técnicos. A média é de 3,26 por temporada. Ou seja, não há trabalho que resista aos poderosos ventos atleticanos do imediatismo.

Athletico não banca ninguém
A última vez que um único técnico comandou o Athletico durante todo o calendário anual foi em 1982, com o histórico Geraldo Damasceno na casamata rubro-negra.
Já os mais longevos dos últimos anos foram Tiago Nunes, que assumiu interinamente em junho de 2018 e ficou até o início de novembro de 2019, e Paulo Autuori, que trabalhou de março de 2016 a maio de 2017, quando se tornou diretor.
Quem teve mais passagens pelo Furacão foi Antônio Lopes (seis), seguido por Geninho e Vadão (cinco). Ao todo, 69 pessoas diferentes dirigiram a equipe no período.
No sentido de continuidade, somente dez técnicos foram mantidos de ano para o outro, sendo que Geninho e Vadão alcançaram o feito duas vezes. Entretanto, nenhum deles completou uma temporada no comando da equipe. Veja a lista a seguir:
- Abel Braga (97-98),
- Vadão (99-2000),
- Geninho (01-02),
- Vadão (06-07),
- Ney Franco (07-08),
- Geninho (08-09)
- Antônio Lopes (09-10)
- Sérgio Soares (10-11)
- Claudinei Oliveira (14-15)
- Cristóvão Borges (15-16)
- Tiago Nunes (18-19)
- Paulo Autuori (20-21).
Contudo, por incrível que pareça, Petraglia não foi o responsável pela temporada com o maior número de trocas de comando nos últimos 31 anos. Entre 2009 e 2011, em período de hiato petraglista no poder, quem esteve no controle foi Marcos Malucelli.
Em 2011, ano de rebaixamento à Série B, foram seis treinadores ao todo: Sérgio Soares, Leandro Niehues, Geninho, Adílson Batista, Renato Gaúcho e Antônio Lopes.
"Quem ganha jogo é jogador"
Uma das frases célebres de Petraglia ajuda a explicar a mentalidade perpetuada no Athletico. Em 2020, quando diversos rubro-negros pediam o retorno de Tiago Nunes, hoje contestado na Universidad Católica, do Chile, o presidente minimizou a figura dos treinadores.
"As viúvas do ex-treinador parem de pensar que quem ganha partidas é o técnico! Quem ganha jogo é jogador! Saíram por várias razões 16 atletas do grupo de 2019!", publicou o antigo Twitter, atualmente X.
Essa mudança exagerada de técnicos, que consolidou uma cultura de interrupções de trabalho, foi vista nos maiores fracassos do Furacão neste século: os rebaixamentos de 2011 e 2024.
O que fica evidente, também, é que o clube não segue uma linha clara quanto ao estilo de trabalho e linha de pensamento de quem deve dirigir o time. Não há padrão definido, tudo depende do momento e da circunstância.
Último técnico demitido, Barbieri superou Cuca
Maurício Barbieri, demitido neste mês, permaneceu no cargo de técnico por mais tempo que todos os cinco treinadores do clube em 2024, por exemplo. Foram 134 dias (entre o dia do anúncio e da demissão oficiais) e 24 jogos. Os números superam os de Cuca, que teve 23 jogos em 112 dias como comandante rubro-negro na temporada passada.
As constantes trocas foram apontadas como um dos principais erros que levaram à queda para a Série B. No entanto, o Athletico voltou a trocar o comando e agora aposta no português João Correia como solução emergencial.
Técnicos do Athletico em 2024 e 2025
- Maurício Barbieri - 24 jogos em 139 dias
- Lucho González - 14 jogos em 77 dias
- Martín Varini - 19 jogos em 73 dias
- Juca Antonello - 5 jogos e 16 dias
- Cuca - 23 jogos em 112 dias
- Juan Carlos Osório - 11 jogos em 60 dias